P – A 25 de agosto comemoram-se os 251 anos da elevação de Pinhel a cidade. O que tem planeado a autarquia para não deixar passar a data em branco?
R – É um facto que não vamos conseguir fazer aquilo que costumamos fazer, que é uma coisa muito importante, como atividades para toda a família, de interligação entre todo o concelho, caso, por exemplo, do Interfreguesias e dos Jogos sem Fronteiras entre as freguesias. Mas vamos continuar a fazer com que todas as famílias do concelho e todas as que se queiram juntar a nós possam usufruir de algumas atividades. Este ano já vamos conseguir fazer mais qualquer coisa do que o ano passado e vamos começar pelo “drift”, já que Pinhel volta a acolher, este fim de semana, o Campeonato Nacional e o Campeonato Internacional da modalidade. Vamos ter também concertos no Largo dos Combatentes com entradas limitadas e lugares previamente definidos, sendo que as pessoas terão de estar obrigatoriamente sentadas para assistir ao espetáculo. O acesso vai estar vedado e com seguranças a controlar as entradas e o cumprimento das regras da DGS. No domingo vamos ter um concerto dos “Quatro e Meia” e no dia 23 haverá fado com Duarte – os pinhelenses gostam muito de fado! No dia 24, na Igreja de São Luís, teremos a cantata cénica de Falcão d’el Rei, um espetáculo de ópera que não conseguimos fazer no ano passado devido à pandemia. No feriado municipal o dia será muito preenchido, como sempre: com o hastear da bandeira, a inauguração do Centro Interpretativo do Castelo e Território de Pinhel – um investimento de 150 mil euros em que pretendemos dar a conhecer a quem visita as torres do castelo o que é o território de Pinhel. Depois também vamos inaugurar o Centro de Bem-Estar Animal, um investimento que foi financiado pela EDP Energia para dotar o concelho de um equipamento com excelente qualidade para dar resposta aquilo que é o desejo de todos os presidentes das Juntas de Freguesia, porque não é só uma questão da cidade, mas sim de todo o concelho. Concretizaremos ainda a promessa que fiz aos pinhelenses no ano passado, que é o Carro do Canhão, o carro da bombarda que está no Parque da Trincheira, num investimento de 46 mil euros para dar dignidade à nossa bombarda, que já foi recuperada, tal como os azulejos que estavam na Trincheira. No dia 25 de agosto inauguraremos ainda um “photopoint” no Parque da Trincheira, num local que apanha a zona histórica de Pinhel. Segue-se a inauguração das obras de requalificação da Junta de Freguesia da cidade e, à noite, há o concerto de António Zambujo no Largo dos Combatentes. É um dia muito preenchido, não é por ser ano de eleições, pois desde que fui eleito todos os anos inauguramos obras no dia 25 de agosto – é uma questão de honra e vamos fazê-lo até ao fim do mandato.
P – Falou de inaugurações, nomeadamente do Centro Interpretativo do Castelo e do Carro do Canhão. Porque é que acha que essas obras são importantes para a região e para as pessoas que visitam a cidade?
R – Estamos muito focados na questão do turismo e se há um ex-libris em Pinhel são as torres do castelo. As pessoas vão de propósito ao local e o centro interpretativo será um espaço de referência que fará com que quem nos visita perceba o que pode conhecer em Pinhel, mas também o que é o território num todo. E depois vai também divulgar a região envolvente. Foi a forma que encontramos de valorizar mais as nossas torres e das pessoas poderem perceber melhor o território porque existem muitos turistas que chegam às torres visitam, tiram uma fotografia e vão embora. Mas se entrarem nas torres e tiverem conteúdos interativos, que é isso que vai haver, isso fará com que as pessoas permaneçam mais tempo e tenham curiosidade em conhecer não só o concelho de Pinhel, mas também a região. Já o carro do canhão é um investimento numa bombarda que esteve muitos anos ao abandono num espaço sem condições, em que chovia, nomeadamente… No ano passado demos-lhe dignidade quando inauguramos a Trincheira e o canhão está hoje coberto, agora falta o sítio onde era utilizado. Não era utilizado em cima de pedras ou de cepos, como está agora, então mandámos construir uma bombarda. muito idêntica à que existe em Edimburgo, na Escócia. É, portanto, um projeto muito interessante para aquilo que é o potencial da divulgação da nossa bombarda.
P – Foi celebrado um protocolo com a Fundação Côa Parque relativamente a Cidadelhe. É desta que se vai abrir a “porta sul” do Parque Arqueológico do Vale do Côa? No que consiste o protocolo?
R – O que vai acontecer em Cidadelhe é um dos passos principais para a abertura da “porta sul” do Parque Arqueológico do Vale do Côa. Com o anterior presidente da Fundação, Bruno Navarro, houve contactos no sentido de, através de “vistos gold”, conseguir investidores para a zona do parque. Um dos projetos era este e é financiado totalmente por um investidor que depois terá, naturalmente, o visto de residência no nosso país, mas que já entregou o dinheiro à Fundação para poder fazer esta intervenção. Estamos a falar de um espaço que será um centro interpretativo, no fundo –passe a expressão – é um Museu do Côa mais pequeno, onde os visitantes vão perceber o que tem aquele museu e esse é um trabalho que vai ser feito até ao final do ano porque esta questão do “visto gold” tem prazos. É totalmente financiado por este investidor e que fica património da Fundação, num espaço cedido pela Junta de Freguesia de Cidadelhe por 30 anos. A Câmara Municipal tem a responsabilidade de acompanhar o processo e de aceitar todo este projeto, além de garantir a permanência de um funcionário da área do turismo para abrir este centro interpretativo e a “Casa Forte” do pálio de Cidadelhe. Ou seja, estamos a dar o primeiro passo para a abertura da “porta sul” do Vale do Côa, mas integrado num projeto mais ambicioso. Neste momento já está a ser construído, na Faia, o primeiro miradouro sobre o rio Côa no âmbito do projeto “Ver e Sentir o Falcão”, que contempla mais três estruturas similares na zona de Vale de Madeira, Bogalhal e Quinta Nova. O centro interpretativo previsto vai também ter informação da cidade e do concelho. Portanto, estamos a fazer com que o turista chegue a qualquer ponto do concelho de Pinhel.
P – Em relação à rede de miradouros, o processo está a decorrer, é isso?
R – O miradouro na Faia, a cerca de 25 metros acima do rio Côa, vai ser todo em vidro, depois há dois naturais, em que será apenas preciso reconstruir o que existe, que ficam em Vale de Madeira e Cidadelhe. Até ao final do ano vão ser lançados concursos para a construção dos outros dois na Quinta Nova e Bogalhal Velho.
P – Para quando se prevê a conclusão dessa rede de miradouros?
R – Se Deus quiser, daqui a um ano voltam a entrevistar-me sobre as Festas da Cidade e sobre a inauguração dos miradouros.
P – Como está o projeto da ligação Pinhel-Mêda e o acesso ao IP2?
R – Não há projeto, o que há é uma intenção. Nós tivemos de identificar para o Portugal 2030 um conjunto de obras e algumas delas intermunicipais. Uma dessas intervenções intermunicipais que colocamos em cima da mesa, tal como a Câmara Municipal da Mêda, foi a ligação entre as duas cidades. Contudo, mais importante que a estrada, que tem condições e está bem pavimentada em toda a sua extensão, o que precisamos de construir é a ponte sobre o Massueime. Atualmente, é uma ponte muito estreitinha onde não passam camiões e por isso essa é que é obrigatoriamente a nossa grande prioridade.
Obviamente que temos de ter os pés bem assentes na terra e sabemos que não vai haver financiamento para uma estrada com a extensão que esta tem e para o seu alargamento. Já foi tempo em que isso devia ter sido feito e não foi, mas se temos hoje condições de circulação vamos fazer o que é essencial, que é a ponte, porque isso é que impede a circulação de veículos pesados em condições de segurança. Esta é a nossa prioridade.
P – Saíram recentemente os dados preliminares dos Censos, o concelho de Pinhel perdeu nos últimos dez anos 1.528 habitantes. São números que o preocupam ou já eram expectáveis?
R – Em primeiro lugar preocupa-me sempre quando perdemos população, seja uma, duas, três ou dez pessoas. Mas é preciso fazer a análise fria dos números: em Pinhel morrem, em média, por ano cerca de 350 pessoas e nascem entre 50 a 60, portanto a diferença está aqui. Em dez anos perdemos 1.500 habitantes, cerca de 150 por ano. O que quero dizer com isto é que não há uma grande saída do concelho, tem a ver mais com as mortes da população envelhecida. Não fico satisfeito com isso, mas é um dado sobre o qual é importante refletir. Acho que é também importante refletir sobre o facto da nossa população estar cada vez mais envelhecida e ser necessário aprovar medidas obrigatoriamente para povoar o interior do país. Se não povoarmos, o interior não vai ter um bom fim. Nós podemos ter as paisagens mais bonitas, o património mais fantástico, uma qualidade de vida fantástica, mas as pessoas precisam de emprego para aqui se fixar. E este é um caminho que depende também das autarquias, mas sobretudo do Governo, sendo que os municípios podem ser parceiros ativos na adoção de medidas para atrair pessoas. Porém, o incentivo principal tem de ser do Governo. E para isso tem de haver, a nível nacional, um pacto dos partidos para uma aposta efetiva no interior do país. E porque digo isto? Porque se não houver um pacto entre os vários partidos o que vai acontecer é que quem governa vai estar sempre a governar onde há votos e não é aqui que os há, infelizmente.
P – A autarquia facultou cerca de dois mil testes aos presidentes de Junta do concelho para serem distribuídos aos emigrantes, como está o processo?
R – Estamos neste momento a distribui-los aos presidentes das Juntas para os emigrantes poderem fazer o teste de despistagem da Covid-19. Não é obrigatório, mas acho que o bom senso reina e que as pessoas devem ter a precaução em fazê-lo. Já há um grande número de emigrantes no nosso território – e são bem-vindos – e espero que haja muita responsabilidade por parte de quem cá mora e de quem vem. São nossos familiares, vizinhos e concidadãos, temos de os receber, de os acarinhar, mas com todos os cuidados. E esta foi a forma que arranjamos para as pessoas se responsabilizarem, apesar de o teste não ser obrigatório devem-no fazer, basta dirigirem-se ao presidente de Junta da sua localidade. É o apelo que faço porque não posso obrigar ninguém a fazê-lo, pois se pudesse obrigar eu obrigaria toda a gente que entra no concelho a realizar o teste à Covid, mas infelizmente não o podemos fazer.
P – O facto dos testes serem somente para emigrantes não será um pouco ingrata para os pinhelenses que cá estão durante todo o ano e não têm acesso a eles desta mesma forma?
R – Não. Acho que não, porque temo-los feito. Ou seja, temos dado testes a todas as instituições que no-los pedem. Neste momento a Câmara Municipal tem cerca de quatro mil testes, para além desses dois mil, e sempre que as pessoas nos pedem testes nós entregamo-los. E se algum pinhelense pedir à sua Junta de Freguesia também o pode fazer, não precisa de ser emigrante. Nós já estamos cá, só estamos a sensibilizar quem vem de fora para proteger os que cá estão e a si próprios. Mas não impede que os restantes não o possam fazer, pois os testes não são exclusivos para os emigrantes. Os testes estão disponíveis para a população em geral.
P – Ainda a propósito da pandemia, a autarquia já tem noção do impacto que a Covid-19 causou no concelho? E da despesa que originou à edilidade?
R – Desde o início da pandemia, em março de 2019, a Câmara de Pinhel já investiu mais de 400 mil euros na aquisição de desinfetantes, máscaras, fatos, etc… Desde a primeira hora que tem sido prestado apoio às instituições e IPSS e também aos nossos empresários. Ainda este mês pagámos o valor que tínhamos de compromisso com os nossos empresários no âmbito do regulamento de apoio aprovado pela Câmara. É verdade que o melhor era não gastarmos este dinheiro porque estaríamos sem a Covid, mas é um investimento do município. No concelho temos conseguido fazer essa gestão, nunca nos faltou dinheiro e apoio para as nossas instituições, seja qual for, sempre estivemos ao seu lado para aquilo que era necessário. Também estivemos sempre um passo à frente, em vez de “corrermos atrás do prejuízo” e, portanto, tentámos ser proativos, às vezes mal interpretados, e eu percebo isso. No início e também pelo desconhecido, obviamente que se cometiam alguns erros, mas íamo-nos adaptando. Vamos continuar a fazê-lo, esperemos é que por pouco tempo e quando digo por pouco tempo é para ver se de uma vez por todas se vai o vírus. Como devem saber, o nosso centro de vacinação vai muito bem, tem sete funcionários da Câmara Municipal o que resulta numa ótima articulação entre a autarquia e o Centro de Saúde. E quando as coisas funcionam em articulação nós conseguimos dar resposta mais rápida, pelo que atualmente temos mais de 60 por cento da população do concelho vacinada com a segunda dose, o que é muito bom. Vamos entrar na vacinação dos mais jovens, espero que tudo corra bem também, pois a taxa de vacinação tem sido significativa em Pinhel, o que significa que não tem havido negacionismo.
P – Pinhel vai continuar a ser “Cidade do Vinho” até 2022, o que é que a autarquia tem planeado nessa vertente?
R – Este ano temos feito algumas iniciativas, mas ainda vamos promover o concurso da “Miss Vindimas”, que vai ser feito em setembro. É uma iniciativa da Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV), em que todos os anos há a eleição da Miss Vindima a nível nacional. Haverá uma seleção prévia em cada concelho que pertence à AMPV e depois é o habitual concurso de miss cuja final será aqui em Pinhel. E também vamos fazer a apresentação da próxima edição da nossa Feira de Vinhos e Sabores.
P – Quanto à Feira das Tradições, já há alguma coisa planeada para a edição do próximo ano?
R – É verdade que a feira é sempre planeada de um ano para o outro, porque há coisas que vamos ter de manter sempre, mas aquilo que é expectativa da sua realização ou não, só poderemos começar a ter a partir do final de setembro. Como se sabe, será nessa altura que haverá uma nova avaliação do país e a possível alteração das medidas em vigor, o que significa que, em setembro, tomaremos a decisão tendo em conta aquilo que é a evolução da situação pandémica e se faremos ou não a Feira das Tradições. Eu espero e desejo que sim, que o certame se realize.
P – Está a terminar o segundo mandato. Como está a cidade e o concelho?
R – Eu sou suspeito para fazer balanços, mas é um balanço positivo. Vou dar-lhe este dado de uma forma muito simples, mas que vão perceber: quando assumi a presidência da autarquia, em 2013, o município de Pinhel tinha uma dívida de 5,9 milhões de euros, hoje tem uma dívida de 4,1 milhões. Muitos poderão dizer que não é muito, que em oito anos só reduzimos um milhão e qualquer coisa, mas a diferença é que as obras que foram feitas, a quantidade de investimento realizado, é quatro ou cinco vezes mais do que o concretizado por qualquer presidente de Câmara anterior. É um trabalho árduo para o conseguir fazer. Há um investimento em todas as freguesias, sem exceção, na rede viária, no saneamento básico e também na promoção do concelho. Nós promovemos muito o concelho de Pinhel, criando as condições devidas. E este investimento é muito importante, ou seja, não podemos deixar ninguém para trás. Em todas as áreas temos feito um investimento muito grande, muito sério e muito determinado. Temos um objetivo comum de promover o nosso concelho das mais várias formas, nomeadamente através da educação, pois a nossa escola sempre foi uma escola de referência. No próximo ano letivo vêm cerca de 80 alunos de fora do concelho para estudar em Pinhel, são quase quatro turmas! E porquê? Porque colocamos a nossa escola como lugar de referência e damos-lhe condições para isso. Além da educação, também apostamos na saúde, na ação social e no apoio aos nossos empresários, e tudo isso faz com que Pinhel tenha dinâmica e é reconhecida por isso mesmo. Por tudo isso é um balanço positivo, mas quero dizer que o próximo mandato – se for eleito, como estou convicto –será o meu melhor mandato de sempre e o último.