Especial Lazer

Pelos trilhos verdes de Manteigas

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Escrito por Jornal O INTERIOR

Totalmente integrado no Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), o concelho de Manteigas possui mais de 200 quilómetros de percursos pedestres, que incluem 16 pequenas rotas integradas no projeto “Manteigas Trilhos Verdes” e duas grandes rotas do Zêzere e das Aldeias Históricas de Portugal. São grandes atrativos para os amantes do pedestrianismo e das caminhadas em cenários deslumbrantes.
São trilhos desenhados em encostas e vales, seguindo os caminhos percorridos antigamente por pastores e pelas gentes da serra, que garantem sensações únicas a quem os percorrer. Aventure-se, opções não faltam no “coração da Serra da Estrela”. A Rota do Javali, de tipo circular, é um dos trilhos disponíveis e tem 11 quilómetros de extensão, entre os 722 e os 1.306 metros de altitude. Está classificado como de dificuldade média, iniciando-se
junto ao bairro de Santo António, em Manteigas. Proporciona uma vista panorâmica sobre a vila e a passagem por florestas densas, antes de subir ao topo da ribeira de Leandres e chegar à cascata do “Poço do Inferno”, com 10 metros de altura. Este é o caminho feito por Horácio quando partiu em busca de uma vida melhor no romance “A Lã e a Neve”, de Ferreira de Casto.
De dificuldade média é também o trilho do Poço do Inferno, com 2,5 quilómetros entre os 1.081 e 1.150 metros de altitude. O ponto de partida é junto ao parque de estacionamento do Poço do Inferno. O percurso segue entre florestas de folhosas e resinosas, em encostas íngremes. O destaque é o Poço do Inferno, um monumento geológico de grande beleza que é um dos ex-líbris de Manteigas e da Serra da Estrela. Quanto à paisagem, o caminheiro pode contemplar o Vale do Rio Zêzere e o Vale da Ribeira de Leandres. O Trilho do Carvão é outra alternativa à sua espera, mas é um caminho classificado como difícil, entre os 767 e os 1.683 metros de altitude. Com 20 quilómetros, esta aventura inicia-se junto ao Arquivo Municipal de Manteigas e inspira-se na tradição da produção de carvão para venda na vila através da queima da raiz da urze, popularmente designado de borralho. O percurso atravessa as Penhas Douradas e o Vale do Rossim. Há ainda esculturas naturais para descobrir nas escarpas rochosas, como a Fraga da Cruz, o Fragão do Corvo e a Pedra Sobreposta. E uma panorâmica incrível para o Vale Glaciar.

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O Trilho Glaciar é o quatro existente na evolvente a Manteigas e liga a sede do concelho à Torre, a 1.989 metros de altitude, numa extensão de 17,2 quilómetros. É de dificuldade média e acompanha o rio Zêzere, ao longo do Vale Glaciar, possibilitando uma perspetiva dos três andares altitudinais (basal, intermédio e superior) que caracterizam Manteigas e a Serra da Estrela. Covão d’Ametade, Nave de Santo António, ou Argenteira, Covão do Ferro, Cântaro Magro, Cântaro Gordo, Espinhaço do Cão (moreia), Poio do Judeu, Pedra do Equilíbrio, Covão Cimeiro, Barroca dos Teixos e a Senhora da Boa Estrela, no Covão do Boi, são os atrativos deste percurso.
O Trilho dos Poios Brancos é de dificuldade média, entre os 1.520 e os 1.680 metros, com 7,9 quilómetros de extensão (25,4 quilómetros com derivações) entre o Covão d´Ametade e a Nave de Santo António. A sua designação deve-se ao facto de atravessar, no seu ponto mais elevado, aquele aglomerado granítico. Mais curto é o Trilho do Vale de Amoreira, com 5 quilómetros e de dificuldade média, tendo início junto à capela de Nª Sra. da Anunciação, em Vale de Amoreira. Além bem perto existe o Trilho da Azinha, com 18,4 quilómetros e dificuldade média. O início faz-se no Skiparque e é particularmente recomendado para os apreciadores de caminhadas e de vistas deslumbrantes, rumo à Quinta do Fragusto e ao Cabeço da Azinha, usado como ponto de descolagem de parapentes.
Mais difícil é o Trilho do Maciço Central, com 10 quilómetros de majestosidade graças a locais como o Covão d’ Ametade, o Covão Cimeiro, os Cântaros (Magro, Gordo e Raso), as Salgadeiras, a Lagoa do Peixão (ou da Paixão), a Ribeira da Candeeira, ou a Nave da Mestra (na derivação para as Penhas Douradas – Rota do Carvão). O destino é a Torre. Classificado como fácil é o Trilho do Sol, de 4 quilómetros, cujo nome é devido à exposição solar a que este percurso está sujeito. Aqui, há cenários emblemáticos para descobrir, como uma panorâmica sobre o Vale Glaciar do Zêzere e sobre galerias ripícolas compostas. O Cabeço de Satanás é outro atrativo.
Já o Trilho do Sameiro é igualmente fácil ao longo dos seus 1,3 quilómetros inspirados na história e tradições das gentes serranas, onde prontificam igrejas, capelas e um forno comunitário, além da paisagem. Manteigas dispõe ainda do Trilho das Faias, de dificuldade média e 5,4 quilómetros, que tira partido da vegetação esplendorosa e paisagens fulgurantes das encostas serranas. Esta é uma experiência sensitiva, recheada de a rosmaninho, hortelã-brava, alfazema e tomilho. Na paisagem natural sobressai o Vale Glaciar do Zêzere, a Torre, o Cântaro Magro, o Cântaro Gordo e as Penhas Douradas. O Trilho do Corredor dos Mouros é outro percurso deslumbrante pela biodiversidade da serra, com 15,5 quilómetros e dificuldade média, pela cumeada homónima, até ao Covão da Ponte.
A Rota do Covão de Santa Maria é mais uma proposta para a descoberta da Serra da Estrela. Permite descobrir a Castanheira, pequena povoação rural que outrora teve maior expressão populacional, e a Pousada de São Lourenço, bem como áreas florestais, áreas abertas de matos e linhas de água. Já a Rota das Quartelas desenvolve-se numa zona de socalcos agrícolas, sobranceira à vila, e a Rota da Reboleira, pelo vale do Zêzere, leva o caminhante até ao Souto do Concelho, uma área de castinçal propriedade do município e que ganha no Outono uma expressão multicolor de extrema beleza natural. Finalmente, exclusivamente urbano é o Trilho da Vila, que leva à descoberta do património e tipicidade de Manteigas. O concelho integra ainda a Grande Rota das Aldeias Históricas de Portugal e a Grande Rota do Zêzere.

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