P – É o mais recente árbitro do distrito da Guarda a ser promovido aos Nacionais. Como encara esta nova etapa?
R – É o culminar de cinco anos de trabalho e evolução. Esta etapa é encarada como um ponto de viragem, em que tenho de pensar que o mais difícil virá a seguir. Mas tudo será feito como até agora, dando sempre o melhor de mim, confiando nos meus colegas e aprendendo com os erros, medrando de jogo para jogo.
P – Qual é o seu objetivo para a próxima época? É fácil manter-se nesse nível?
R – Com a pandemia, os quadros de arbitragem tiveram de ser adaptados. No entanto, o primeiro objetivo será sempre terminar melhor do que comecei e lutar para subir de categoria. Não é fácil porque as vagas não são muitas, o que nos obriga a um empenho ainda maior para garantir que ficamos nos escolhidos.
P – Como surgiu esta oportunidade?
R – Com as mudanças a nível profissional, foi impossível jogar de forma contínua futebol ou futsal. Então, ao regressar a Portugal, decidi tirar o curso de árbitro de futsal e, posteriormente, de futebol, na Associação de Futebol da Guarda, optando por me dedicar apenas à primeira. Atualmente, pertenço aos quadros da Associação de Futebol de Braga. Para mim, é uma das modalidades mais emocionantes, inconstantes a nível de resultados e que tem vindo a crescer no panorama desportivo nacional e internacional.
P – Como está o futsal distrital?
R – Qualquer desporto a nível distrital, sofre pela falta de investimento. Apesar do esforço das associações e entidades, não há como fugir a essa realidade. Há também uma transferência de jogadores e clubes que vêm do futebol para o futsal e mudar esse “chip” nem sempre é fácil. Mas, felizmente, sendo um desporto “indoor”, que necessita de menos atletas e investimento, começa a ter cada vez mais clubes de raiz (inclusive camadas jovens e femininos) e atletas que não passaram pelo futebol e que se identificam com o futsal desde sempre, dando-lhe mais qualidade e opções.
P – Quais são as principais dificuldades?
R – Em termos de arbitragem, será sempre conciliar a vida pessoal e profissional com a arbitragem. Nenhum de nós é profissional e dedicamos muitas horas e quilómetros se quisermos atingir os nossos objetivos. Depois, há também as alterações constantes nas leis de jogo e nas diferenças entre o futebol e o futsal, havendo ainda alguns espectadores e atletas mais jovens que não estão familiarizados com as leis de jogo e essas diferenças, ou até com a sinalética usada pelos árbitros. E acabamos por ter esse papel mais pedagógico.
P – Acha que os árbitros já são mais respeitados e valorizados?
R – Acho que a situação tem vindo a melhorar, mas cabe a cada árbitro zelar por fazer a sua parte diariamente. As campanhas das entidades competentes e a abertura com a comunicação social são uma grande ajuda, contudo, cabe a cada um de nós desmistificar a figura do árbitro. Temos de demonstrar dentro e fora do pavilhão que somos pessoas completamente normais, que somos um supedâneo do jogo e não apenas uma figura punitiva e que fazemos parte do desporto, de uma forma diferente claro. Estamos lá porque gostamos e queremos sempre elevar o espetáculo e ajudar a que os atletas façam o que sabem fazer melhor: jogar futsal.
Jorge Fernando Andrês Correia
Idade: 30 anos
Naturalidade: Escalhão (Figueira de Castelo Rodrigo)
Profissão: Gestor de Comunicação e Marketing
Currículo (resumido): Licenciatura em Comunicação Social e Mestrado em Comunicação Estratégica; Com experiência em empresas de serviços e produtos nas áreas de Comunicação e Marketing; Ex-jornalista e com passagens por Espanha e República Checa na área de Gestão de Projetos e Marketing Digital
Filme preferido: “Seven – 7 Pecados Mortais”, de David Fincher
Livro preferido: “Catch – 22”, de Joseph Heller
Hobbies: Ler, viajar, voluntariado e fotografia.