P – Após três semanas de preparação, como está a equipa do Sporting da Covilhã?
R – Neste momento tenho uma satisfação muito grande pelo facto de os jogadores estarem determinados e trabalharem da forma como o estão a fazer. A equipa está a crescer dentro do que perspetivava. O estágio [nas Penhas da Saúde, que terminou a 20 de julho] permitiu criar laços entre todos os elementos da equipa, além de dar a conhecer os jogadores de forma mais profunda. Este facto permite-nos antecipar problemas para a época longa que se avizinha e deixa-nos mais preparados para dar resposta a adversidades. Assim, podemos continuar a evoluir e crescer, tornando a equipa cada vez mais competitiva e forte.
P – O clube precisa de mais reforços? Ou o plantel já está fechado?
R – Neste momento faltam-nos ainda dois jogadores. Ainda não foi possível fecharmos o plantel pois não queremos trazer jogadores em quantidade, mas sim em qualidade. Não pretendemos ter uma equipa extensa. Queremos um plantel curto que possa ser equilibrado para que a competitividade interna aumente e, consequentemente, o rendimento individual seja melhor – o que se vai traduzir também em melhor rendimento coletivo. Temos especificidades orçamentais das quais não fugimos. Os parâmetros são rigorosamente respeitados pelo clube. Hoje, o Covilhã é uma equipa com uma saúde financeira anormal para a realidade do país e não quero fugir disso, pois identifico-me com esses valores. Mas temos de facto alvos que gostaríamos de incluir no plantel, que são frequentemente reformulados porque o mercado está muito inflacionado e deixa-nos sem capacidade para contratar.
P – Qual o objetivo para esta época? Espera superar os resultados de Filó?
R – O objetivo passa, antes de tudo, por atingir as metas do clube. Além disso, eu tenho objetivos individuais e coletivos. Quero proporcionar bons jogos de futebol, que tenham um carácter positivo, ofensivo e pressionante. Quero que no final de cada partida os adeptos possam sair satisfeitos com o desempenho da equipa e possam desfrutar do futebol positivo que queremos implementar. A nível pessoal, um dos objetivos é relançar a minha carreira. Estive na Iª Liga há relativamente pouco tempo e cheguei a ganhar o prémio de melhor treinador nacional jovem. Neste sentido, quero obviamente voltar a atingir patamares superiores, seja com o Covilhã ou com outro clube. Em relação aos resultados de Filó, a época passada foi excelente para o Covilhã pelo facto de terem começado de uma forma menos boa e depois a equipa teve a capacidade de dar a volta de forma competente. Sei que o padrão deste clube é conhecido por alternar entre boas e más épocas, mas o meu foco é a minha equipa, acredito muito no que faço e trabalho imenso. Os adeptos podem contar que darei sempre o meu máximo. Embora tenhamos conhecimento de grandes investimentos realizados por outras equipas da IIª Liga, orçamentos não ganham jogos. Queremos é fazer uma grande época.
P – Esteve sem clube na época passada. Este facto faz com que sinta uma responsabilidade acrescida com a obtenção de resultados?
R – Estive sem treinar por opção. Tive convites nacionais e internacionais, um deles, curiosamente, do Sp. Covilhã, mas entendi que queria parar para refletir sobre os últimos projetos em que trabalhei. Algumas das propostas que recebi, nomeadamente do estrangeiro, eram muito boas a nível monetário, mas acredito que o meu percurso em Portugal ainda não está concluído e optei por ficar. Em relação à responsabilidade, é algo que está inerente à profissão de treinador. Somos julgados pelos resultados e conquistas, e também pelas derrotas. Quando enveredei por esta profissão estava consciente do que me esperava e sei que estou sempre a ser posto à prova.
P – Quais são as principais dificuldades que se impõem no trabalho com um clube do interior?
R – Devo dizer que não estava à espera que o Covilhã tivesse tão boas condições de trabalho. É um clube organizado, com logística otimizada, o que é perfeito para um treinador desenvolver o seu trabalho. Além disso, acho a cidade encantadora, com paisagens lindíssimas, que causam impacto em quem visita. Não vejo por isso nenhum inconveniente por estar nesta região, pois adapto-me facilmente. As dificuldades que penso enfrentar estão na contratação de jogadores, sem dúvida. Sendo uma zona do interior, temos sentido que os jogadores preferem jogar em clubes mais bem situados e que tenham mais investimento – o que consequentemente se traduz em mais dinheiro para pagamentos.
Sofia Craveiro
Perfil de Ricardo Soares:
Treinador do Sporting Clube da Covilhã
Naturalidade: Felgueiras
Idade: 44 anos
Profissão: Treinador de futebol
Currículo: Treinou a Académica de Coimbra, Paços de Ferreira, Desportivo das Aves e passou também pelos clubes de Chaves, Vizela, Felgueiras, Ribeirão, Lixa e Taipas. Conta três subidas de divisão na sua carreira (duas no Felgueiras e uma no Vizela)
Filme preferido: “Million Dollar Baby”, de Clint Eastwood
Livro preferido: “Inteligência Emocional”, de Daniel Goleman
Hobbies: Estar com a família, jogar futebol e ténis