ANTÓNIO MONTEIRINHO
Deputado do PS na Assembleia da República eleito pelo círculo da Guarda Idade: 52 anos Naturalidade: Moçambique Profissão: Engenheiro Mecânico Currículo: Licenciado em Engenharia Mecânica, Ramo da Energia e Ambiente no Instituto Politécnico da Guarda (2002), complementada com MBA em Gestão de PME na Universidade Portucalense Infante D. Henrique (2011); Professor coordenador do curso de Técnicos de Manutenção Industrial e Eletromecânica na Escola Profissional da Guarda desde 2008; Formador coordenador técnico da pós-Graduação em Técnico Superior de Saúde e Higiene no Trabalho na Comunilog Consulting, Lda. desde 2011); Formador e consultor em Timor na Águas de Portugal (2003 a 2004) e assessor do presidente da Câmara de Celorico da Beira (2000 a 2002); Deputado Intermunicipal da CIMBSE e deputado na Assembleia Municipal da Guarda; Presidiu à Federação Nacional das Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico (FNAEESP) e à Associação Académica da Guarda (AAG). Livro preferido: “Sapiens”, de Yuval Harari Filme preferido: “Clube dos Poetas Mortos”, de Peter Weir Hobbies: Praticar desporto, natação e futebol, jogar xadrez e ler.«O PNSE tem de estar na linha da frente das preocupações imediatas da ação governativa»
P – Ainda não é conhecida a dimensão dos prejuízos causados pelos fogos na Serra da Estrela e as medidas/apoios para a recuperação do território. Qual é a sua expectativa?
R – É pública a vontade do Executivo responder com eficácia e meios suficientes para recuperar toda a área dos incêndios e não tenho como duvidar desta vontade expressa numa reunião de vários e importantes ministros em Manteigas. Como deputado na Assembleia da República estou naturalmente empenhado na efetiva concretização das medidas já anunciadas. O PNSE tem de estar na linha da frente das preocupações imediatas da ação governativa, é demasiado importante para o país para cair no esquecimento depois de uma tragédia destas dimensões. E aqui estou para lutar por uma intervenção estrutural que lhe possa devolver a importância ambiental, turística e económica que realmente tem na região e no país.
P – Quase tudo ficou por fazer depois dos grandes incêndios de 2017, que erros o Estado não pode cometer outra vez?
R – Há uma grande e muito relevantíssima diferença em relação a 2017: não se perderam vidas humanas. Mas reconheço que muito há a fazer quer na prevenção, através de planos anuais de intervenção preventiva e de medidas estruturais de reordenamento da floresta, quer na melhoria da estratégia de combate e no investimento na formação profissional dos bombeiros. Enquanto deputado empenhar-me-ei para sensibilizar as entidades responsáveis, e, em primeiro lugar, os decisores políticos para a promoção de políticas ativas que minimizem os riscos numa época que, aliás, é cada vez mais propícia à deflagração de incêndios.
P – O Governo podia ter ido mais além nas medidas de apoio às famílias por causa da crise?
R – O Governo tem estado a trabalhar nestes apoios procurando minorar os efeitos desta crise, que tem dimensão internacional. Estas medidas vão além do que o principal partido da oposição sugeria e o investimento já vai em 4 mil milhões de euros, estando, todavia, garantidas as metas definidas para redução do défice e da dívida pública. O que é relevante, pois com a subida dos juros o serviço da dívida pública vai crescer muito, podendo vir a comprometer a liquidez financeira necessária para acudir às necessidades correntes e às políticas de investimento e desenvolvimento. Como Governo responsável que é, deve conseguir conjugar o apoio às famílias (por exemplo, através da devolução dos ganhos fiscais por via da subida dos preços) com uma gestão criteriosa dos recursos financeiros do Estado. O que não pode é seguir a orientação dos que gritam que o governo deve dar tudo e já, sem mais.
P – O interior tem custos energéticos acrescidos no Inverno, esta não será uma boa altura para criar medidas compensatórias para fazer baixar a fatura nestas regiões?
R – A minha resposta só pode ser afirmativa. Existe na nossa região e no interior norte uma grande pobreza energética, em que grande parte da população não consegue aquecer a casa de forma adequada durante o Inverno devido às deficientes construções e às limitações financeiras das pessoas. Aquecer a casa fica muito mais caro no interior norte do que nas restantes regiões do país, tornando-se agora quase incomportável devido ao custo da energia e dos combustíveis. Sabendo dessas desigualdades deveria o Governo procurar soluções para esbater estas diferenças. Como deputado empenhar-me-ei em alertar o Governo para esta realidade, de modo a que já no próximo Orçamento de Estado sejam incluídas medidas que possam mitigar este problema.
P – É desta que serão abolidas as portagens nas antigas SCUT? Qual é sua posição?
R – A questão das portagens é grave em todo o país. Todos circulamos em autoestrada – que é um espaço público – e o preço que pagamos por isso é muito alto. 40% do custo, hoje altíssimo, dos combustáveis necessários para ir da Guarda a Lisboa é o que se paga em portagens. A lógica do utilizador-pagador, tão enaltecida pelo ex-ministro Mexia, não se compadece com um nível tão alto de fiscalidade. É como pagar duas vezes o mesmo produto. E se, em geral, são custos muito elevados, a situação ainda se agrava no interior, contribuindo para atrofiar as economias individuais e empresariais. As SCUT eram uma resposta a este problema e o fim das portagens seria desejável – sendo certo que seria o Estado a compensar as concessionárias. No atual quadro económico e de crise, as famílias e a diminuição dos custos energéticos devem ser as prioridades do Governo. Para já, o objetivo deveria ser a manutenção das tarifas das portagens para 2023, uma vez que os valores estão indexados à inflação do ano em curso, atualmente em 7,4%, o que representaria uma subida muito consistente. Mas sublinho, a médio prazo, a política relativa às portagens e, em particular, às cobradas nas autoestradas das zonas de baixa densidade deveria ser globalmente revista.
P – O PS da Guarda vai a votos no próximo mês para as concelhias e em novembro para a Federação. Porque decidiu voltar a candidatar-se à concelhia e não avançar para a Federação distrital?
R – Decidi recandidatar-me respondendo ao apelo de diversos militantes. Encaro este desafio com a ambição de fazer do PS o partido mais votado nas próximas autárquicas. Para isso procurarei unir o partido, motivá-lo, dando-lhe um rumo credível e à altura dos desafios que se põem ao nosso concelho. Defender os guardenses e o concelho com propostas capazes de gerar desenvolvimento e melhorar as condições de vida continuará a ser a prioridade do PS. Não avancei para a Federação porque dei prioridade à recandidatura à concelhia para terminar o projeto anterior que ficou inacabado.
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