Cara a Cara

«O objetivo era sermos campeões ao fim de cinco anos e isso está alcançado»

Catalino
Escrito por Efigénia Marques

P – Enquanto presidente do Guarda FC, como reage à vitória deste domingo e à conquista do título de campeão distrital. Que balanço faz desta época? 
P – É sempre positivo quando vemos o nosso clube ganhar. Quer dizer que o trabalho que fizemos até agora foi bem feito e que nos levou a este resultado. Agora importa, de facto, começar a trabalhar já na próxima época, começar a definir alguns objetivos e, naturalmente, também aproveitar algum tempo para saborear esta vitória e, em particular, este campeonato que é o primeiro título do Guarda FC. Trata-se de um clube que vai fazer cinco anos e, portanto, é uma vitória muito boa. Em 2019 estávamos a construir uma equipa e um projeto que queríamos que desse frutos ao fim de cinco anos. O objetivo era naturalmente sermos campeões e está alcançado com muito trabalho, muita dedicação, muito esforço, mas com a determinação de todos aqueles que participaram neste projeto em todas as épocas e em particular nesta última.

P – Portanto, a época que agora termina foi difícil, mas planeada?
R – Foi uma época muito difícil, muito mais do que aquilo que era expectável. Naturalmente que foi planeada. Todas as épocas começaram a ser planeadas logo em 2019, com os devidos acertos no arranque de cada temporada. Mas desde o início que nos propusemos ser campeões no quinto ano. Foi um campeonato difícil, onde estão equipas excelentes e muito competitivas, mas que, de facto, nos correu muito bem. O trabalho que fizemos, em particular os nossos atletas e o nosso “mister”, davam-nos alguma esperança, alguma garantia, de que a época iria ter sucesso. Mas certo é que também nos deparámos com muitos obstáculos, principalmente na segunda volta do campeonato. Houve muitas pedras que nos foram colocadas no caminho, mas às quais soubemos reagir de forma correta, sensata e com inteligência.

P – E daqui para frente, que perspetivas existem para o futuro?
R – Há cinco anos propusemos às pessoas da Guarda e, nomeadamente, à Câmara Municipal que o nosso objetivo era ser campeões ao fim de cinco anos e isso está alcançado. Claro que somos ambiciosos, queremos levar o nome da Guarda mais longe e para isso é preciso agora trabalhar no sentido de criarmos as condições necessárias para que esse seja o objetivo. Não são condições fáceis, tanto do ponto de vista da estrutura e do ponto de vista desportivo. Acima de tudo, a questão financeira vai ser preponderante para aquilo que vai ser o próximo passo. Tudo isso passa por conseguirmos delinear uma boa estratégia, como temos feito até aqui, mas inevitavelmente é um passo que tem de ser dado com muita responsabilidade porque não queremos dar passos errados que nos possam prejudicar. Às vezes é preferível dar um passo atrás para depois dar dois à frente, pelo que temos de ter muita cautela, responsabilidade, planificação e, sobretudo, muito apoio – do público, das pessoas da Guarda, que com certeza não vão falhar, das empresas da cidade, que também têm alguma obrigação no envolvimento destes projetos e, naturalmente, da nossa Câmara Municipal, que tem aqui uma responsabilidade acrescida.

P – O Guarda FC tem condições para alcançar a fase de manutenção? O que precisam?
R – É preciso muito trabalho e muita responsabilidade. Já atingimos a manutenção com a vitória do campeonato, mas só depois de termos consolidados todos os apoios que entendemos serem necessários para levar o clube para patamares superiores é que vamos ver se temos estas condições de manutenção no Campeonato de Portugal. O Guarda FC é um projeto que tem pernas para andar e com certeza vai andar se todas as forças vivas da cidade nos ajudarem porque o resto fazemos nós.

P – Em termos de jogadores, equipa técnica e protagonistas do Guarda FC vão manter-se?
R – O nosso desejo, e o meu em particular, é que o nosso treinador continue à frente do próximo plantel, mas naturalmente que é uma decisão do próprio. Quanto ao plantel, a nossa ideia é que a esmagadora maioria dos atletas se possam manter, sendo necessário haver sempre reajustes para tentar melhorar do ponto de vista desportivo. Haverá certamente novas caras em termos de jogadores, o que é inevitável, uns por causa das circunstâncias, outros que saem naturalmente… Isto está sempre em movimento até janeiro do ano seguinte, quando a janela de transferências continua aberta.

P – A subida do Campeonato Nacional foi rápida, acontece em cinco anos. É um motivo de orgulho para o Guarda FC?
R – Naturalmente que sim. É motivo de orgulho para nós e para todos os que estiveram connosco desde o início. Não podemos esquecer que atravessámos a pandemia da Covid-19, que foi um período muito complicado, em que nem sequer havia receitas de bilheteira nem público nos estádios e conseguimos aguentar. Conseguimos planificar uma época muito atípica para continuar a competir. Não desistimos. E destes cinco anos, dois foram muito difíceis. Em 2019 não sabíamos o que estava para vir e com empenho, trabalho e dedicação ultrapassámos esse grande obstáculo, não ficámos no sofá. Fomos à luta com as condições que tínhamos e, se calhar, foi isso que acabou por nos reforçar para chegarmos a esta altura e vencermos o campeonato, com todo o mérito.

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JOSÉ CATALINO

Presidente da direção do Guarda Futebol Clube, campeão distrital 2023/24 da Associação de Futebol da Guarda

Idade: 56 anos

Profissão: Funcionário da Câmara Municipal da Guarda

Naturalidade: Guarda

Currículo (resumido): Estudou no Liceu da Guarda, trabalhou no estrangeiro e é funcionário da Câmara da Guarda há 37 anos; É também dirigente do STAL – Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, Empresas Públicas, Concessionárias e Afins

Livro preferido: “As memórias do rock português”, de Aristides Duarte

Filme preferido: A série televisiva “Conta-me como foi”

Hobbies: Futebol

Sobre o autor

Efigénia Marques

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