Cara a Cara

«O Movimento Rotário procura o bem, de forma unida, trabalhando em equipa em prol de quem mais precisa»

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Escrito por Jornal O Interior

P – O que o trouxe à Guarda no passado dia 10 de fevereiro?
R – Vim nesta missão de ser Governador do Distrito 1970 do movimento Rotário. Trata-se de um movimento de âmbito mundial, são 1,4 milhões de rotários, estamos em 218 países, entre eles Portugal. O Distrito 1970 é muito grande, vem desde o Norte – Caminha, Monção, até a Trancoso, Guarda e à Covilhã – continua por aí abaixo até à Marinha Grande. São 90 clubes e uma das missões enquanto Governador, cujo mandato dura um ano, é visitar os clubes todos. Vim à Guarda com uma dupla satisfação porque sou deste distrito, de Figueira de Castelo Rodrigo, e, portanto, sinto-me em casa e tenho gosto em estar aqui.

P – Veio tomar o pulso aos movimentos rotários da Beira Interior. O que é que encontrou?
R – Os clubes são todos diferentes, embora procurem todos o mesmo objetivo, que é apoiar e ajudar as comunidades em que se inserem. Fui recebido pela vice-presidente da Câmara da Guarda a quem tive a oportunidade de falar sobre o que é o trabalho de um clube rotário, cujo objetivo é procurar na comunidade necessidades de pessoas com maior carência económica e procurar soluções para as ajudar. Conheço muito bem o Rotary Club da Guarda, trabalha muito com a comunidade e tive a oportunidade de ouvir isso no município, que reconhece no clube qualidades e dedicação para com a sua comunidade, o que se traduz em projetos de apoio evidentes na Guarda.

P – Numa altura em que a sociedade está a viver alguma turbulência em termos sociais e económicos, o que é que o Movimento Rotário pode fazer para ajudar as pessoas?
R – O Movimento Rotário procura, através dos clubes, identificar na comunidade lacunas e necessidades e procurar soluções para as mesmas. Os rotários têm como objetivo realizar estes projetos que resultam de um envolvimento. Os clubes são compostos por um quadro social (pessoas com diferentes profissões e uma implantação muito grande na sua comunidade) e é indo à comunidade que identificam o que é necessário fazer. A partir daí realizam projetos e temos os nossos meios próprios – a Rotary Foundation, que existe para apoiar financeiramente alguns dos projetos que identificamos nas chamadas áreas de enfoque e, a partir daí, os rotários trabalham. Executamos projetos de apoio e trabalhamos em diversas áreas, na educação, no desenvolvimento económico, na saúde, no meio ambiente. O Rotary Club da Guarda tem, ao longo dos anos, encontrado muitas soluções e apoiado muitas pessoas e famílias desta comunidade.

P – No contexto de crise que se vive a nível nacional e internacional, o Movimento Rotário é cada vez mais solicitado pelas pessoas? Como é que intervém na sociedade? Já referiu alguns projetos na área da saúde e educação… Apoiam os estudos de alunos de origens mais carenciadas?
R – É verdade. Uma das áreas onde o Rotary tem maior presença é precisamente na educação. Procuramos apoiar jovens estudantes com carência económica porque entendemos que não podem ser discriminados por falta de posses financeiras. Somos um movimento que aposta muito na juventude. Por exemplo, este ano, os clubes rotários do nosso Distrito já apoiaram mais de 300 bolsas de estudo a jovens que foram identificados na sua comunidade, por conhecimento próprio ou até com o apoio do município através do serviço de Ação Social. O nosso apoio é para que esses jovens possam tirar um curso superior e melhorar as suas competências para terem uma vida e um futuro melhores e mais duradouros.

P – Como definiria o Movimento Rotário para que o cidadão comum perceba de que se trata?
R – Trata-se de um movimento com 119 anos. Nasceu nos Estados Unidos e é um grupo, um movimento formado por profissionais, em que prezamos muitos princípios, nomeadamente a ética, o saber estar na sociedade, o ter a noção do serviço à comunidade, em prol das pessoas mais carenciadas. Aqui no Distrito 1970 somos cerca de 2 mil pessoas e são estes rotários, englobados em clubes na sua zona, como é o caso do Rotary Clube da Guarda, que procuramos ajudar através da nossa ação, da profissão, da nossa ética e da nossa influência na comunidade. Não só ajudamos diretamente, como através da nossa ação nas comunidades, dou-lhe um exemplo: o IP5, atualmente A25, nasceu de uma iniciativa do Rotary Clube Viseu, juntamente com outras forças vivas das Beiras que conseguiram falar primeiro com o Governador Civil, que mais tarde fez chegar essa ideia ao Governo, de que era necessário uma via de comunicação estruturante nesta zona. Claro que não foram os rotários que construíram, muitas vezes só lançam a ideia, identificam lacunas e através da sua ação conseguem fazer chegar a sua ideia e intenção. Nós atuamos na nossa comunidade de uma forma direta, ou através da presença na comunidade, onde conseguimos transmitir as lacunas a outros. Temos uma abrangência muito grande em muitas áreas e é isto que nos distingue de muitas outras instituições. Procuramos o bem, de forma unida, trabalhando em equipa em prol de quem mais precisa.

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DUARTE BESTEIRO

Idade: 66 anos

Naturalidade: Freixeda do Torrão (Figueira de Castelo Rodrigo)

Currículo (resumido): Economista; Estudou na Faculdade de Economia do Porto; Empresário; Governador do Distrito 1970 desde 1 de julho até 30 de junho de 2024

Livro preferido: Livros mais técnicos, romances, semanários e jornais desportivos

Filme preferido: “Passagem para a Índia”, de David Lean

Hobbies: Viajar e estar com amigos e a família

Sobre o autor

Jornal O Interior

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