P – Há exatamente dois meses participava no Rali Dakar na Arábia Saudita. O que fica desta décima primeira participação e como correram as etapas?
R – Trago sempre memórias, umas boas outras nem por isso, mas todas têm algo de especial. As coisas são mesmo assim e quando me inscrevo numa participação no rali mais duro do mundo não vou à espera de coisas fáceis.
Este ano a maioria das provas e etapas correram muito bem e isso deixa-me contente e com motivação para enfrentar mais um ano.
P – Já não é o primeiro pódio no Dakar. Como é chegar ao fim e regressar medalhado?
R – É muito gratificante. Fico com a certeza de que todo o trabalho feito durante o ano foi, de alguma forma, recompensado. Também sinto orgulho deste meu feito e por todos os patrocinadores – porque eles são uma parte principal e importante deste projeto e da minha participação no Rali Dakar.
P – Quanto à próxima edição, a participação de Mário Patrão está garantida? Já está a ser preparada?
R – No que toca à minha equipa, estamos disponíveis para voltar a participar, mas a entrada no Rali Dakar envolve muitas coisas, como, por exemplo, os patrocinadores que, como disse anteriormente, são a alavanca mais importante nesta decisão de participar ou não. Mas de qualquer das formas sim, já voltámos ao trabalho e vamos treinar sempre com o objetivo de estar pronto para qualquer partida.
P – Este ano em que projetos vai estar envolvido Mário Patrão?
R – Eu e os meus patrocinadores estamos preocupados com o nosso ambiente. Já é o terceiro ano que vamos fazer algumas provas com uma moto elétrica, iremos participar no Campeonato Nacional de Sprint Enduro, mas também vamos competir em provas do Nacional TT com o intuito de treinar e dar retorno aos patrocinadores. E faremos, pelo menos, dois ralis em deserto para conseguir estar minimamente preparado para os desafios. Quando há disponibilidade, todos os projetos ou desafios podem surgir – e a qualquer momento, se aparecer uma boa oportunidade, cá estaremos para a abraçar.
P – Como é ser um “homem do Rali” numa região como Seia e distrito da Guarda? Sente-se em casa?
R – É bom! Gosto muito da minha terra e das minhas raízes e sinto-me bem com isso. Temos coisas muito boas por cá, outras menos boas, mas é assim que tudo funciona. O mais importante não é onde nasceste ou onde vives, mas sim o que fazes desta rápida passagem por este planeta. É nisso que me foco diariamente. Por isso, sim, aqui em Seia estou em casa! Há coisas menos positivas, como por exemplo a falta de pessoas – e isso nota-se quando queres crescer mais e sentes dificuldade por haver poucos clientes ou pouca oferta no caso de querer contratar alguém ou algum serviço.
P – O que dizem aqueles que passam pelo Mário Patrão ou pela loja em Seia?
R – A grande maioria das pessoas que me consegue identificar fica muito contente por ser atendida por alguém profissional na área do motociclismo. Eu tento sempre dar o melhor de mim e por todo meu conhecimento em prática para aconselhar e ajudar quem me procura. Admito que, por vezes, sinto pena que as pessoas não aproveitem tanto o que têm de bom na sua região. Mas eu só consigo mudar o meu mundo, não o mundo inteiro.
__________________________________________________________________
MÁRIO PATRÃO
Piloto de motociclismo e empresário na área
Idade: 47 anos
Naturalidade: Seia
Currículo (resumido): Participou no Rali Dakar 11 vezes, sendo o piloto português com mais títulos nacionais de todo-o-terreno em motos, competindo há mais de 20 anos
Livro preferido: “Paz Interior”, de Paramahansa Yogananda
Hobbies: Passear com os cães, andar de bicicleta, ver séries ou ouvir podcasts
