P – Como surgiu a oportunidade de ser Provedor do Estudante da Universidade da Beira Interior (UBI)?
R – O meu percurso académico acaba por estar muito ligado ao associativismo, à representação estudantil e consequentemente ao contacto próximo com todos os agentes que compõem a UBI. Fui vice-presidente do Núcleo de Estudantes de Ciência Política e Relações Internacionais, coordenador da secção desportiva da AAUBI, presidente da direção durante dois mandatos, representante dos estudantes no Conselheiro Geral, elemento do Senado e representante dos estudantes no Conselho Pedagógico da Faculdade de Artes e Letras. Integrei também outros conselhos por inerência, como o Conselho de Ação Social. Isto fez com que criasse um elo umbilical à universidade e que não hesitasse em candidatar-me quando surgiu a oportunidade de poder alargar esse espectro de intervenção e contribuição para a instituição e a causa estudantil. Submeti a minha proposta e, ultrapassados todos os momentos de avaliação, tive a honra de ser o candidato indicado pelos estudantes no Conselho Geral e aprovado pelo órgão.
P – Quais são as principais medidas e projetos que pretende implementar ao longo do mandato?
R – Elas incorporam vários quadrantes relacionados com a atividade do provedor. É fundamental alargar a divulgação do gabinete da Provedoria do Estudante, através de novas estratégias de comunicação nas redes sociais, sessões de esclarecimento, trabalhar novos temas que geram preocupação e desafios aos estudantes na frequência do ensino superior e trabalhar em conjunto com todas as unidades orgânicas da UBI, em especial e sempre em estreita colaboração com a Associação Académica e os seus Núcleos de Estudantes. Continuar a analise exploratória de candidaturas a projetos europeus que possam expandir a Provedoria, aumentando a sua visibilidade/preponderância, é também uma ambição para este mandato.
P – Como encara este desafio?
R – Com a mesma motivação de sempre. Acredito que a figura do Provedor do Estudante é fundamental numa instituição de ensino superior, não apenas numa ótica corretiva no auxílio a ocorrências, o que também é importante, mas sob uma perspetiva preventiva, na capacitação dos estudantes para ultrapassarem de forma autónoma desafios que possam surgir, promovendo a sua emancipação e aumentando a sua independência. Este espectro abre um conjunto alargado de oportunidades e atividades a planear e executar, o que torna ainda mais exigente e motivadora esta atividade profissional. O grau de satisfação de um estudante relativamente à sua experiência académica mede-se, também, através do conforto. Um estudante que se sinta apoiado, seguro e confortável será seguramente um estudante satisfeito e isso é bastante positivo para qualquer instituição.
P – Neste momento, e do conhecimento que têm, quais são as principais carências dos ubianos?
R – Iniciei funções no dia 23 de junho pelo que ainda não tenho dados concretos sobre as principais carências dos ubianos. No entanto, o ensino superior tem neste momento vários desafios, alguns que se mantém ao longo do tempo e outros que foram surgindo mais recentemente, expostos pelo período pandémico e pela guerra na Ucrânia. Os principais desafios estão relacionados com o alojamento, Ação Social e internacionalização. O número de estudantes na UBI tem aumentado exponencialmente e o número de camas não tem acompanhado esse crescimento. A universidade tem-se mostrado preocupada e interventiva, tendo já reabilitado uma residência e outras seguirão o mesmo caminho, do que tenho conhecimento. Há cada vez mais pedidos de apoio social, que naturalmente geram preocupação, pois é necessário encontrar estratégias que deem resposta a este desafio importante. A UBI tem vários projetos de auxílio, um deles é o Fundo de Ação Social, que todos os anos ajuda financeiramente vários estudantes. Por último, o número de estudantes internacionais tem aumentado, gerando vários desafios relacionados com o suporte burocrático à sua permanência no país, assim como desafios sociais de integração na comunidade. É importante que exista uma preocupação em integrar estes alunos na comunidade local e preparar a comunidade local para receber quem vem de outros países, com diferentes culturas. A UBI tem organizado eventos e protocolos institucionais para ajudar a solucionar estas problemáticas, que se têm revelado importantes na superação destes possíveis problemas. Naturalmente que o subfinanciamento do ensino superior, em especial na UBI, adensa algumas destas problemáticas e torna mais desafiante a estratégia para encontrar soluções.
P – Para quem não sabe, qual é o papel do Provedor do Estudante?
R – O Provedor do Estudante garante a defesa e a promoção dos direitos e interesses legítimos dos alunos perante os órgãos e serviços da Universidade, e exerce a sua atividade com autonomia e imparcialidade face a estes. Dispõe de um regulamento de atuação próprio, que define as suas competências e os limites de intervenção. É, portanto, da sua competência elaborar, para cada situação, um relatório, contendo um parecer de recomendações, a apresentar, conforme os casos, aos presidentes dos órgãos de gestão das unidades orgânicas, ao reitor ou ao Conselho Geral; dar informação, por solicitação dos órgãos e serviços da universidade, sobre quaisquer matérias relacionadas com a sua atividade; elaborar, no final de cada semestre letivo, um relatório da sua atividade, remetendo-o ao reitor e ao Conselho Geral; Propor alterações às normas e procedimentos vigentes sempre que as mesmas dificultem a interação entre os estudantes e os restantes agentes, ou conduzam a situações de falta de equidade entre o corpo discente.
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AFONSO MOUSACO GOMES
Provedor do estudante da Universidade da Beira Interior
Idade: 29 anos
Naturalidade: Covilhã
Profissão: Provedor do Estudante
Currículo (resumido): Vice-presidente do Núcleo de Estudantes de Ciência Política e Relações Internacionais, coordenador da secção desportiva da AAUBI, presidente da direção durante dois mandatos, representante dos estudantes no Conselheiro Geral, elemento do Senado e representante dos estudantes no Conselho Pedagógico da Faculdade de Artes e Letras. Integrado também noutros conselhos por inerência, como o Conselho de Ação Social.
Livro preferido: “Inception”, de Christopher Nolan
Filme preferido: “Ensaio sobre a Cegueira”, de José Saramago
Hobbies: Praticar desporto