Durante a vida, as pessoas, de uma maneira geral, costumam acomodar e refugiar-se na sua zona de conforto. Com uma certa rotina, conformam-se com um determinado modo de vida, seja no âmbito familiar, social ou profissional e mesmo político. No entanto, a vida é essencialmente dinâmica e por isso é preciso adaptarmo-nos continuamente às mudanças que ocorrem sob pena de estagnarmos.
Ao nível pessoal e para a maioria de nós, a zona de conforto não é um espaço físico, é um modo de vida que faz com que se evite qualquer coisa que possa ser doloroso ou que possamos perspetivar esforço acrescido. E, inevitavelmente, isso inibe o alcance de alguns dos nossos objetivos e certamente nalgumas áreas da nossa vida o sucesso é edificado na capacidade que temos de enfrentar obstáculos e dificuldades. Não será este o “pulo do gato” em que milhares de jovens licenciados procuram crescer através da empregabilidade noutros países, mudando da inércia para a constante aprendizagem, evolução e transformação, ajudando a divulgação do melhor que temos no país, a nossa formação académica? Não é pelo fazer que nos tornamos especialistas?; Ou ficarmos na zona de conforto, o mesmo é dizer, encurralados entre muros, como muitos que entraram para a função pública como assessores com chorudos salários cuja “especialidade” nada tem a ver com a formação que tiveram num curso que terminaram há pouco mais de um ano, sabe-se lá como e onde…. É a isto que chamamos zona de conforto!
Na esfera política, o PS parece barricado na sua zona de conforto, para tudo serve afirmar que há instabilidade política. Se continuarmos a prender-nos ao problema da instabilidade política o melhor é, durante a próxima década, não termos eleições porque, nessa altura, ainda estaremos a cumprir os nossos compromissos e, por isso, não podemos assustar os mercados, uma vez que a “troika” está-se “borrifando” para que haja ou não eleições antecipadas. O que quer é que o programa que nos impôs, aceite de mão beijada e sem negociação pelo governo de Sócrates e aceite por esta maioria, seja cumprido para garantir o dinheiro e os juros do empréstimo.
Porém, as eleições são apenas uma prática que deve conduzir à possibilidade de mudança em consequência da falta de compromissos assumidos pelos que elegemos para nos governarem. Também aqui a zona de conforto pode ser inibidora do crescimento e da mudança. Não serão 37 anos de governação socialista na Guarda já uma zona de conforto? Porque têm medo os guardenses de sair dessa zona de conforto? Que medos? Que promessas? Parece em tudo existir o receio de ceder à pedagogia do medo que apenas serve para a manutenção de uma situação conveniente que quanto mais tempo durar melhor. Têm medo? Bem longe disso, são é comodistas e preferem manter-se na tal zona de conforto porque, apesar de sentirem que estivemos durante todo este tempo ligados a interesses apenas de pequenos sem ser perspetivado qualquer crescimento ou mesmo estratégia para tal, tendo sido enganados e prejudicados, têm receios, o que prova que a pedagogia do medo tem funcionado e bem.
Menos bem tem funcionado a zona de conforto dos candidatos às próximas eleições autárquicas. O PS só dentro da sua zona de conforto, na verdade os candidatos apenas querem entrar na luta política, na defesa dos compromissos para a Guarda, SE… houver zona de conforto, isto é, se houver aparelho, se houver apoiantes, se houver sondagens ganhadoras, se houver dinheiros para a campanha, se houver… se houver… Pois se não há, saem, abandonam os cenários políticos, abandonam os seus objetivos, abandonam os seus desafios, abandonam a sua coragem de querer fazer e, por isso, a tendência natural é refugiarem-se naquilo que controlam e ficam na sua zona de conforto.
Abandonem-se as toscas justificações que vão contra os interesses que já são de todos os guardenses… A Guarda tem e precisa de mudar e de sair da sua zona de conforto de cidade do interior. Já não há quem aguente!
Por: Cláudia Teixeira
* Deputada da Assembleia Municipal da Guarda eleita pelo CDS-PP