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Zé Noi triunfa em Aldeia da Ponte

Touros ajudaram equipas a brilhar no tradicional festival “Ó Forcão Rapazes”

Zé Noi foi o grande triunfador do XXI Festival “Ó Forcão Rapazes”. No último sábado, o ganadeiro dos Forcalhos – colhido recentemente no encerro de Alfaiates – deu uma volta à praça de Aldeia da Ponte não em ombros mas em cima do forcão, um gesto de reconhecimento pouco habitual neste evento que pretendeu premiar a raça dos touros lidados pelas nove aldeias participantes. A decisão mereceu a unanimidade das equipas, que elogiaram a força e a nobreza dos animais escolhidos para o ponto alto das tradicionais capeias raianas que marcam o mês de Agosto no concelho do Sabugal.

Na arena, os homens de Aldeia da Ponte, Aldeia Velha, Aldeia do Bispo, Alfaiates, Fóios, Forcalhos, Lageosa da Raia, Ozendo e Soito conseguiram boas lides diante de touros imponentes e com impressionantes investidas ao forcão. A tal ponto que as galhas da estrutura triangular, feita de madeira de carvalho, ficou muito mal tratada nalguns recontros e teve que ser consolidada por várias vezes. Um dos sustos da tarde coube aos representantes de Aldeia do Bispo, quando um dos homens da galha tropeçou e quase caiu. Mas as coisas correram mesmo mal à equipa, fruto de alguma descoordenação dos seus elementos, para além de ter sido forçada a trocar de forcão após as primeiras investidas. Pior do que isso só mesmo o que aconteceu aos Forcalhos, cujos homens foram vaiados após retirarem o forcão ao fim de meia dúzia de investidas. O público, que voltou a lotar a praça, achou que era pouco tempo de lide e não gostou de ver os forcalhenses baixarem os braços. Por isso pediu mais, mas nada feito e o forcão foi arrumado para desagrado de milhares de aficionados.

Ao contrário, ficou na retina a actuação do Soito. A última equipa do festival teve a arte e o engenho de conseguir mais e boas investidas ao forcão, contando para tal com um touro destemido e cheio de força. Já os homens do Soito pareceram incansáveis, deixando a ideia de que poderiam continuar naquele frente-a-frente mais uns minutos. Só que o animal foi o primeiro a quebrar, ao fim de mais de uma dezena de batidas. No final, a lide obteve a primeira ovação da tarde, mau grado a grande rivalidade com Aldeia da Ponte e a generalidade das aldeias vizinhas. De resto, diz-se com muita ironia que a vila tem sempre duas claques para onde quer que vá: os apoiantes e os anti-Soito. Esta incompatibilidade ficou mais uma vez bem vincada na tarde de sábado e levou mesmo a banda a tocar para acalmar as claques das aldeias. Contudo, o festival “Ó Forcão Rapazes” é uma festa em torno desta peculiar tradição tauromáquica. Desta vez houve uma prolongada “hola” que varreu as bancadas durante mais de um minuto, uma volta à praça por um grupo representativo das equipas participantes e algumas brincadeiras na arena levadas a cabo por participantes mais bem dispostos. O concurso do forcão nasceu em 1986, mas acabou transformado em festival para evitar controvérsias e desaguisados entre os participantes.

Luis Martins

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