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Xiu Xiu que se vai surpreender

Banda de música alternativa norte-americana actua segunda-feira no auditório municipal da Guarda

As etiquetas não ficam bem aos Xiu Xiu. A banda sensação da música alternativa norte-americana está segunda-feira à noite na Guarda para um concerto único e irrepetível. Esta é uma das raras surpresas da programação cultural da autarquia para o mês de Novembro, que vai ficar indelevelmente marcado pela passagem de um furacão temperamental e controverso chamado Jamie Stewart, o seu mentor. A crítica especializada não se tem cansado de repetir que o talento musical e lírico estão num estado muito próximo da pureza nos Xiu Xiu. Oxalá o auditório municipal aguente.

Oriunda de San José (Califórnia), a banda (que se apresenta quase sempre em formato de duo) já vai no seu quarto álbum – editados em Portugal pela espanhola Acuarela – e goza actualmente de uma notoriedade invulgar depois de “A Promise” (2003) e de “Fabulous Muscles” (2004) terem consagrado os Xiu Xiu como um dos grupos que mais inovou a música pop dos últimos anos. Liderados pelo vocalista Jamie Stewart, fazem uma fusão de pop melódica com electrónica, evocando Joy Division, The Cure, The Smiths, Talk Talk, Einsturzende Neubauten ou Aphex Twin, mas também os Suicide, Scott Walker, Black Sabbath e Sigur Rós. Uma miríade de estilos, de poses e de sonoridades que fazem dos Xiu Xiu um dos projectos musicais mais estimulantes do actual panorama independente internacional. A sua música é dolorosamente autobiográfica, melancólica e histriónica, mas tem desde logo reminiscências do melhor pop britânico, do pos-punk, techno e da quente improvisação lo-fi.

As influências musicais não faltam, mas Jamie Stewart esclarece que as suas canções tratam «da violência como expressão de poder, o abuso de menores, o suicídio do meu pai, a asquerosa falta de sentido da guerra e a esperança de que o amor exista e persista neste panorama, embora duvide que ele aconteça», como se pode ler num comunicado da editora. Os Xiu Xiu (nome sugerido pelo filme de Joan Chen “The Sent Down Girl” (1998), sobre a revolução cultural chinesa) têm despertado tanto de amor como de ódio nas plateias, a tal ponto que o vocalista foi agredido num concerto em Houston (Texas). Contudo, é inegável que a banda é uma das sensações do ramo mais heterodoxo do novo indie norte-americano, com destaque para “Fabulous Muscles”, o álbum mais electrónico e pop de toda a sua discografia iniciada em 2000. De resto, esta digressão portuguesa é aproveitada pela Acuarela para lançar o “single” exclusivo “Fleshettes”. Os bilhetes custam quatro euros, sujeitos aos habituais descontos.

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