Foi apresentada oficialmente, no final da semana passada, a 68ª edição da Volta a Portugal em bicicleta, prova com início agendado para 5 de Agosto e que este ano apresenta como grande novidade o facto da Guarda receber o final de uma etapa. Trata-se da antepenúltima tirada, realizada a 13 de Agosto, um domingo, que parte de Favaios e tem uma extensão de 166,4 quilómetros.
Os ciclistas devem chegar por volta das 16 horas e a meta do final de etapa vai ficar instalada junto aos parques de estacionamento da zona do Estádio Municipal, no sentido ascendente do Inatel para o Liceu. Antes de chegar a “cidade mais alta”, a “caravana” da Volta vai passar por Trancoso e Celorico da Beira, entrando depois na Estrada Nacional 16 para subir até ao cruzamento da Dorna, terminando a etapa numa subida com cerca de 250 metros de extensão. Por este final a Câmara da Guarda paga à organização da Volta cerca de 50 mil euros. O documento assinado entre a autarquia e a João Lagos Sport prevê inícios ou finais de etapa na cidade durante os próximos quatro anos. À semelhança do que aconteceu no ano passado, a Torre volta a não receber nenhum final de etapa. O pelotão apenas passará no ponto mais alto da Serra da Estrela na penúltima tirada, que liga Gouveia ao Fundão, na distância de 144,1 quilómetros, e que deverá ser decisiva para se encontrar o vencedor da competição. A prova termina a 15 de Agosto com um contra-relógio individual que ligará Idanha-a-Nova a Castelo Branco, na distância de 36,8 quilómetros.
Na cerimónia de apresentação da Volta 2006, no Museu da Electricidade, em Lisboa, Joaquim Gomes, vencedor em 1989 e 1993 e actual director da competição, apelou às autarquias serranas para colaborarem nos próximos anos, pois «a Torre é o local mítico, onde se fizeram grandes heróis». O antigo ciclista lembrou ter ali consolidado «muitas conquistas, mas temos que falar com os responsáveis de Gouveia, Manteigas e Seia. Neste momento, e como a chegada na Torre implica cerca de 10 por cento de um orçamento de largos milhões de euros, é impossível», sustentou Joaquim Gomes. No mapa da Volta desde 1971, a Torre foi palco de 15 chegadas de etapa, conhecendo um interregno entre 1975 e 1991, para regressar definitivamente em 1992. De então para cá, só em 1999 e 2005 não houve meta no “tecto” de Portugal continental. Recorde-se que a organização da Volta a Portugal mantém um relacionamento distante com a Câmara da Covilhã, desde que, na edição de 2003, um diferendo levou os promotores do evento a mudar inusitadamente a partida de uma etapa na “cidade-neve” para o Fundão.
Contudo, o director desportivo da Volta espera um final de etapa no alto da Serra da Estrela já na próxima edição. A prova rainha do ciclismo nacional vai contar com a participação de oito equipas estrangeiras, incluindo a italiana Lampre e a espanhola Comunitat Valenciana – impedida de participar na Volta a França devido a investigações relacionadas com o recurso a substâncias dopantes – ambas da primeira divisão mundial (ProTour), além das 10 formações profissionais portuguesas. Para além de Portugal, a Espanha é o país mais representado no pelotão, com quatro formações (Comunidad Valenciana, Andalucia, Kaiku e Relax), seguido da Itália com duas (Lampre e Ceramica Flaminia). Áustria (Elk) e Grã-Bretanha (Barloworld) completam a lista com uma cada. Mas a participação lusa é dominante, claro está, com dez equipas: Maia-Milaneza, LA-Liberty, Carvalhelhos-Boavista, Paredes Rota dos Móveis, Barbot-Halcon, Imoholding, Medeinox-Canelas, Duja-Tavira, Riberalves e V. Guimarães-ASC. Esta edição da Volta disputa-se em 10 etapas, com início em Portimão e final em Castelo Branco, mais de 1.500 quilómetros depois, com um dia de descanso pelo meio. A competição está de regresso ao Alentejo e Algarve, após três anos de ausência.