O primeiro centro comercial da cidade, cuja abertura deve acontecer no Outono, quer ser «a principal âncora do comércio tradicional». Apresentado oficialmente na última segunda-feira, o Vivaci Guarda, do grupo FDO, está em construção junto às principais ruas comerciais no centro histórico.
Uma proximidade que o presidente do Conselho de Administração (CA) da empresa bracarense entende ser vantajosa para as lojas de rua: «Este projecto faz com que as pessoas que vierem ao centro comercial também acabem por comprar no comércio tradicional», afirmou. De resto, Manuel Ferreira Dias considera haver um «mal entendido» relativamente a este tipo de empreendimentos, pois «os comerciantes das cidades onde não existem centros comerciais não fazem mais negócio por isso». No caso da Guarda, há mesmo um acordo com a Associação Comercial que dá vantagens aos empresários que pretendam abrir uma loja no Vivaci, desde que mantenham os seus estabelecimentos actuais. Neste momento, cerca de 30 por cento dos lojistas já confirmados serão associados da ACG. O problema é que pouco mais de 55 por cento da Área Bruta Locável (ABL) está contratualizada, o que fica aquém das previsões iniciais.
«Em tempos normais, este centro comercial devia estar, no mínimo, a 70 por cento. Contudo, a cidade é pequena e os lojistas demoram mais a decidir se investem ou não, até porque a concorrência dos projectos existentes em cidades como a Covilhã e Viseu é forte», adiantou Manuel Ferreira Dias. Uma situação que, para o empresário, confirma «a ponderação que tivemos antes de avançarmos com este projecto na Guarda». Contudo, o presidente do CA da FDO – cujo parceiro local é a construtora José Monteiro de Andrade – está optimista e garante ter em carteira «o número de lojistas suficientes para abrir com quase 100 por cento do espaço comercializado». O investimento é da ordem dos 33,2 milhões de euros e vai criar 1.050 postos de trabalho directos e indirectos. O Vivaci Guarda é o maior investimento imobiliário jamais feito na cidade e um dos maiores edifícios em área de construção, com mais de 34 mil metros quadrados.
Tem uma ABL de quase 14 mil metros quadrados, onde surgirão 90 lojas, três salas de cinemas, um hipermercado, 12 restaurantes e 407 lugares de estacionamento. Projectado na encosta da Avenida dos Bombeiros Egitanienses, o resultado agradou ao presidente da Câmara: «Conseguiu-se potenciar ao máximo aquele espaço. É um bom exemplo para intervir e requalificar a cidade», afirmou Joaquim Valente, para quem o centro comercial trará mais gente ao centro histórico e proporcionará uma «oferta importante» de estacionamento. Este é um dos 10 centros comerciais que a FDO está a desenvolver no país.
Estacionamento com acesso subterrâneo
O acesso ao parque de estacionamento do centro comercial vai fazer-se no largo do Prolar, através de uma ligação subterrânea. Esta é uma das marcas que o projecto arquitectónico quer deixar no espaço urbano. Outra é permitir a mediação pedonal entre as zonas baixa e alta da Guarda.
O arquitecto Pedro Appleton, autor do projecto, classificou de «boa opção» a construção do Vivaci no centro da cidade. «É a tendência europeia, ao contrário da versão suburbana dos “shoppings” dos Estados Unidos. Em Portugal, o Centro Comercial do Chiado e o Via Catarina são bons exemplos da dinamização dos centros urbanos», explicitou. Já o edifício aproveitou «ao máximo» o declive da encosta da Avenida dos Bombeiros Egitanienses, disponibilizando cinco pisos para lojas e mais três destinados ao estacionamento. Terá duas entradas pedonais, na avenida e na Rua do Carvalho, na parte inferior. As lojas âncora já garantidas são a DeBorla, Worten, Sport Zone e o Pão de Açúcar. Estão ainda confirmadas as marcas Calzedonia, Boticário, Multiópticas, Delta, Vodafone e TMN, Intimissimi e People’s Phone, Perfumaria Barreiros Faria, Press Center e Pluricosmética. A área de influência do Vivaci Guarda abrange uma população estimada de 105 mil habitantes. Até 2010, o grupo FDO conta abrir igualmente um “retail park” na Covilhã.
Luis Martins