Arquivo

Vírus ébola

Mitocôndrias e Quasares

Nos últimos meses fomos surpreendidos pela reaparecimento do vírus ébola no continente africano. Desde maio de 1995 que não se ouvia falar em mortes causadas por este vírus. Nesse ano, na cidade de Mesengo, faleceram cerca de 100 pessoas devido ao ébola. Desde a sua descoberta em 1976 por uma equipa do laboratório de Microbiologia do Instituto de Medicina Tropical de Antuérpia, que este vírus tem causado apreensão nos organismos mundiais de saúde. Mas na realidade o que caracteriza um vírus?

Durante muitos anos debateu-se se os vírus deveriam classificar-se entre os seres vivos ou não. No caso de um diamante ou de um bloco de granito não há dúvida de que pertencem à natureza inanimada, do mesmo modo que um girassol, uma bactéria, um cavalo e um homem fazem parte da natureza animada. No que diz respeito aos vírus, pelo contrário, a resposta não é tão clara.

Os vírus são seres vivos?

Os vírus não têm uma característica essencial própria dos seres vivos. Não têm metabolismo próprio e, como as moléculas da natureza inanimada, podem agrupar-se numa determinada ordem formando cristais, analogamente ao sal comum. Cada “molécula” desse cristal de vírus é constituída, por sua vez, por outras moléculas unidas simetricamente, quer dizer, pelo ácido nucleico e a sua correspondente capa proteica.

Apesar disso, não podemos afirmar que os vírus pertencem à natureza inaminada, pois em determinadas condições, como quando atacam uma célula viva, desenvolvem uma atividade surpreendente. De acordo com o código genético armazenado no seu ácido nucleico, sintetizam centenas ou mesmo milhares de descendentes iguais. Os vírus, como o ébola, danificam as células hospedeiras de tal modo que o infetado sente-se gravemente doente e, em certos casos, pode mesmo morrer.

Pela sua posição especial, entre a natureza inanimada e animada, atribuiu-se-lhes, no início, uma “vida emprestada”. Hoje em dia, contudo, muitos biólogos moleculares não consideram necessário atribuir aos vírus uma posição especial, pois na natureza animada há também outros organismos que não têm metabolismo próprio, como as formas permanentes das bactérias e os esporos. Também existem outros organismos mais desenvolvidos, como os parasitas, que não conseguem proliferar fora do seu anfitrião, no que se parecem muito com os vírus que só desenvolvem a atividade biológica em determinadas células. Ao contrário daqueles a dependência dos vírus do metabolismo da célula não é parcial, como na maioria dos parasitas, mas total.

A arquitetura dos vírus

Os vírus são seres muito simples e pequenos (medem menos de 0,2 µm), formados basicamente por uma cápsula proteica envolvendo o material genético, que, dependendo do tipo de vírus, pode ser o ADN (ácido desoxirribonucleico), ARN (ácido ribonucleico) ou os dois juntos (citomegalovírus). Algumas destas proteínas da cápsula podem vir da célula hospedeira e incorporam-se no invólucro viral.

O ciclo vital dos vírus estudou-se fundamentalmente com a ajuda dos bacteriófagos, quer dizer, vírus que se multiplicam no interior de células bacterianas. Estes fagos são muito fáceis de reproduzir em laboratório e o seu estudo não levanta grandes problemas.

É precisamente este estudo e os mais recentes avanços no tratamento do vírus ébola que serão abordado dentro de duas semanas.

Por: António Costa

Sobre o autor

Leave a Reply