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Vinho é Cultura

O Douro Superior volta a ser a capital do vinho em Portugal, os vinhos do Douro Superior. Engalanada e expetante, Vila Nova de Foz Côa recebe a VIª Edição do Festival de Vinhos, certame de referência e qualidade, palco de sabores e odores, que congrega especialistas, produtores e curiosos – é o território dos amantes dos bons vinhos, porque os vinhos do Douro Superior estão entre os melhores néctares que se fazem em Portugal e no mundo.

O vinho desta sub-região destaca-se pelas suas características díspares, resultado de uma aliança ancestral entre as técnicas humanas e um terroir carregado de dissemelhanças, entre os montes agrestes e áridos, com baixa pluviosidade (própria dos territórios áridos e do deserto), exposição solar e encostas íngremes e protetoras, e uma diversidade genética que enriquece a viticultura da região. As castas e a variedade que dão a um tinto de longevidade e firmeza, e lhe conferem consistência e densidade, textura excêntrica e aroma superior; ou ao branco acidez e frescura.

Os vinhos do Douro Superior estão na moda, mas se conquistam um lugar de destaque nas garrafeiras é pela sua qualidade e sabor, pelo aroma, pelo singularidade e porte. Para muitos especialistas, a qualidade dos vinhos do Douro nunca foi tão alta e é no Douro Superior que os melhores néctares despontam. Soares Franco, da Duorum, disse-nos há uns anos em entrevista a O INTERIOR, que em qualquer guia de vinhos, entre os dez “eleitos” têm de estar três ou quatro produzidos no Douro Superior.

É toda essa vastidão de produto, de sabores e aromas que se celebra este fim-de-semana no Festival de Vinho de Foz Côa onde, muito mais do que os putativos vencedores do concurso de vinhos, vai respirar-se a cultura do vinho, o saber fazer vinhos únicos, excêntricos e deliciosos. Num tempo em que a exportação cresce e muitos vinhos portugueses vão escalando lugares entre os mais destacados críticos internacionais, recolhendo prémios e altas pontuações em revistas especializadas, a região vai reencontrar-se com o melhor da sua terra: o vinho, a amêndoa e o azeite – os produtos endógenos de um território inóspito e turisticamente emergente. Entre sexta-feira e domingo, no seguimento de uma estratégia devidamente delineada, e que já não pode parar, há uma boa razão para estar junto à foz do Côa, num concelho com dois Patrimónios Mundiais, entre o Museu do Côa e a cultura, a cultura do vinho.

Luís Baptista-Martins

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