As freguesias de Videmonte e Fernão Joanes, no concelho da Guarda, não se entendem quanto aos limites de ambas as freguesias. Em causa está uma área de cerca de 400 hectares de pinhal e pastagem reclamada por ambas as freguesias, e que segundo o mapa do concelho ratificado na última Assembleia Municipal, fica a pertencer a Fernão Joanes.
O presidente da Junta de Freguesia de Videmonte, Afonso Proença, diz que a fronteira entre as duas freguesias, e também Famalicão, é estabelecida por três marcos em pedra que se encontram num local precisamente conhecido como “os três marcos”, mas que «com as reivindicações de Fernão Joanes, Videmonte nem a esse sítio chega». A situação remonta a fevereiro de 2010, «quando recebemos do Gabinete Técnico Florestal da Câmara da Guarda um mapa para reorganização dos limites da freguesia», refere o autarca, acrescentando que «foi então notado que os limites não estavam bem entre Videmonte, Famalicão e Fernão Joanes». «Só que entre Videmonte e Famalicão houve diálogo e fez-se a correção, tal como entre Famalicão e Fernão Joanes, mas não houve entendimento entre nós e Fernão Joanes», explica o presidente da junta. Desde então, «foram marcadas algumas reuniões no Gabinete Técnico Florestal», mas «o presidente de Fernão Joanes só marcou presença numa delas», adianta o autarca. Afonso Proença argumenta que «toda a gente sabe que aquele terreno pertence a Videmonte», e diz «não perceber o porquê» do seu homólogo de Fernão Joanes «estar a colocar este entrave». «Não tem qualquer documento que prove que os terrenos não nos pertencem», afirma o autarca videmontense, acrescentando que «os documentos mostram que Fernão Joanes tem naquela área apenas 292 hectares, e agora da freguesia de Videmonte quer levar 400». Afonso Proença diz ter certidões de teor e registos de conservatória de particulares, bem como recibos passados pela Autoridade Florestal Nacional relativos a um desbaste de floresta naquela área em 2010 e 2011, que «provam que os terrenos em causa são de Videmonte».
Contudo, o novo mapa do concelho ratificado na semana passada considera os 400 hectares como pertencentes a Fernão Joanes, pelo que Afonso Proença promete «recorrer ao Tribunal Constitucional», considerando que os gabinetes Técnico Florestal e de Urbanismo do município «estão a roubar Videmonte para dar aos compadrios de Fernão Joanes». «Mas nós não vamos ceder um palmo daquilo que consideramos nosso», remata o autarca.
Do lado de Fernão Joanes, o presidente Daniel Vendeiro diz apenas que «as partilhas estão lá» e que a área em questão «sempre foi desta freguesia», pelo que «não há nada a reclamar». «Há décadas que as coisas estão como estão, e só em 2010 é que descobriram que os limites não estavam bem», refere o autarca. Mas Daniel Vendeiro diz que «há marcos e há testemunhos» e mostra-se «tranquilo» em relação a esta situação, acreditando que «o tempo dará razão a quem a tem».
Fábio Gomes