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Vespa do castanheiro afeta plantações em Trancoso

Parasita manifesta-se dois anos depois de estar na árvore, pelo que o combate deve ser imediato para não prejudicar a produção de castanha

Os castanheiros da zona de Trancoso estão a ser atacados por uma praga de Vespa das Galhas do Castanheiro. O parasita foi apenas detetado no passado dia 6 deste mês, mas suspeita-se que já esteja há pelo menos um ano na região. A autarquia já está a apoiar os produtores no combate a esta praga, que deve ser imediato. Como forma de prevenção e de alerta aos produtores do concelho realizou-se uma sessão de esclarecimento sobre a vespa e o que fazer para pará-la.

O parasita já tinha sido detetado há um ano em Trás-os-Montes, mas não se sabe a sua origem. A vespa do castanheiro deteta-se através das galhas que aparecem nas folhas das árvores e que têm uma larva no interior. «Agora é necessário acompanhar e tentar controlar», explica o técnico da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro (DRAPC), Joaquim Almeida. O combate não é fácil e demora algum tempo. Joaquim Almeida explica que o produtor pode optar por retirar as galhas e queimá-las, ou então aplicar um parasitoide (Torymus sinensis) nas zonas em que a vespa está presente. No entanto, os resultados não são imediatos: «Não é uma medida rápida, leva alguns anos a fazer o equilíbrio biológico», alerta o técnico. Talvez demore três ou quatro anos, mas é preciso que cada agricultor faça a sua parte e «haja sobretudo controlo», acrescenta.

O parasitoide vem de Itália e custa cerca de 200 euros, espalhando-se num raio de 15 quilómetros e com a certeza de que não irá afetar outras plantações. Esta despesa é suportada inteiramente pelos próprios agricultores e a largada deverá ser feita em toda a propriedade afetada. Para já, a praga apenas se manifestou em Trancoso, nos restantes concelhos da região ainda não foi detetada, mas as entidades competentes alertam para a importância de proprietários e produtores florestais estarem atentos e acompanharem a situação para que a vespa seja travada o mais cedo possível, sem afetar em grandes dimensões a produção de castanha e até a própria sobrevivência das árvores. A praga chega normalmente em junho ou julho e só é detetada na primavera seguinte, nalgumas situações apenas dois anos depois. Mesmo nos casos em que a praga foi detetada e foi feito o respetivo combate, é fundamental que seja feita a observação das culturas.

«Caso não se atue já, a produção da castanha pode ser afetada nos próximos anos, pois a praga expande-se muito rapidamente», avisa Joaquim Almeida. A participar na sessão promovida pela associação de desenvolvimento Raia História esteve também um grupo de produtores de franceses de Ardèche, perto de Montpellier, a propósito de protocolos de cooperação que a Raia Histórica está a realizar. Nesta região francesa os produtores enfrentam o mesmo problema com a Vespa das Galhas do Castanheiro há vários anos e puderam também fazer alguns esclarecimentos. Além disso, a associação pretende incentivar os produtores da sua área de abrangência a fazer a transformação da castanha para valorizar o produto, tendo os franceses partilhado as suas experiências e conhecimentos nesta área.

Atualmente, os 1.100 hectares de castanheiros existentes no concelho de Trancoso geram um rendimento da ordem dos três milhões de euros por ano. Para o presidente da Piscotavora – Associação de Produtores Florestais, João Carvalho, a castanha pode render ainda mais, mas «é necessário alavancar a sua transformação». Neste momento, em Trancoso já se aposta em dezenas de produções novas, tendo em conta que a castanha tem sido um produto muito procurado no norte da Europa.

Ana Eugénia Inácio Sessão de esclarecimento sobre a vespa do castanheiro  em Trancoso

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