Manteigas poderá tirar dividendos, em termos de turismo e da economia, de uma possível nomeação do Vale Glaciar do Zêzere como maravilha natural de Portugal, considera o presidente do município.
«Se obtivermos uma boa classificação, Manteigas está de parabéns e será uma alavanca para o desenvolvimento económico do concelho. Se temos de viver do turismo, seria muito bom que alcançássemos um bom lugar neste concurso», afirma Esmeraldo Carvalhinho. Tal como o Vale do Douro, o Vale Glaciar do Zêzere é um dos locais da região na lista dos 21 finalistas do concurso “7 Maravilhas Naturais de Portugal”, após uma selecção efectuada por um painel de especialistas convidados pela organização, a “New 7 Wonders Portugal”. A iniciativa destina-se a eleger os sete monumentos naturais com um ou mais aspectos de raridade ou representatividade em termos ecológicos, estéticos, científicos e culturais, numa altura em que se celebra o Ano Internacional da Biodiversidade.
O Vale Glaciar, cuja candidatura foi apresentada em Dezembro pela Câmara, concorre com a paisagem vulcânica da Ilha do Pico e o Parque Natural da Arrábida na categoria de “Grandes Relevos”. Relativamente aos concorrentes, Esmeraldo Carvalhinho defende que «não há comparação», já que estes têm «uma intervenção humana aberrante». O edil considera que o Vale Glaciar, «além da sua valia em termos geológicos, é também muito importante em termos de preservação biogenética, já que a intervenção humana é quase inexistente. Tudo o que se fez foi com o máximo cuidado, seguindo as restrições do parque natural», adianta. Integrado no Parque Natural da Serra da Estrela e classificado como Rede Natura 2000, o Vale Glaciar nasce na Nave de Santo António e estende-se ao longo de 13 quilómetros até Manteigas, o que faz dele um dos mais extensos da Europa.
Formou-se há mais de 20 mil anos a partir do movimento do gelo acumulado na calote gelada da zona da Torre. Em forma de U, possui ainda as austeras rochas graníticas dos Cântaros Magro, Gordo e Raso (situados a 1.928 metros de altitude) e reservas biogenéticas de elevado valor natural e paisagístico. É também um local de pastorícia, cujas marcas são as levadas e as cortes, locais de abrigo para pastores e rebanhos construídos em granito nas encostas. Outro dos seus trunfos é o Covão D’Ametade, uma antiga lagoa glaciar no sopé do Cântaro Magro (1.420 metros) substituída com o tempo pelos conhecidos relvados naturais (cervunais) e por uma pequena floresta de bétulas. Acreditando numa «boa classificação», Esmeraldo Carvalhinho sublinha que esta candidatura foi desenvolvida «na perspectiva de dar a conhecer as maravilhas existentes no concelho», destacando a importância de associar o Vale Glaciar a Manteigas. Toda a informação sobre a votação está em www.7maravilhas.pt. Os interessados podem votar “on-line”, por telefone ou sms. Ver mais em: www.ointerior.tv
Rafael Mangana