Guitarras, adufos, cavaquinhos e vozes. As melodias de hoje e as histórias do passado. Os ingredientes juntam-se e nascem os Virgem Suta: Nuno Figueiredo e Jorge Benvinda trazem de Beja a sonoridade que conquistou o país. Em 2009, lançaram o álbum homónimo, onde é notória a influência de artistas portugueses como os Clã, os Ornatos Violeta, Zeca Afonso, António Variações ou Sérgio Godinho. Em palco, querem fazer «uma grande festa» e mostrar como é estar em “suta”.
P – Quem são e como surgiram os Virgem Suta?
R – Surgiram de um projeto de dois amigos em Beja. Eu [Nuno Figueiredo] e Jorge Benvinda. Há uma série de anos atrás que tínhamos por rotina fazer música em comum, mas obviamente que o fazíamos com o objetivo de um dia vir a gravar e a conseguir tocar para o máximo de pessoas possível. Entretanto, o projeto foi-se tornando cada vez mais sério, tivemos alguma sorte de conhecer as pessoas que achámos que eram indicadas para trabalhar connosco, como o produtor Hélder Gonçalves. Isto é como um cozinhado, vão-se juntando os ingredientes e os temperos e ao final de algum tempo as coisas começam todas a fazer sentido. Tivemos a oportunidade de gravar o disco com o produtor que queríamos e agora aqui estamos há já três anos com um disco na rua e com muitos concertos para dar. A história é simples, com muitas aventuras, alguns desgostos, mas- no fim – acabou tudo bem.
P – Porquê o nome Virgem Suta?
R – Suta é uma expressão que nós utilizamos para descrever um estado de excesso, de descontrolo. Por exemplo, quando uma pessoa bebe demais. E depois juntámo-la ao outro lado que também achamos que nos caracteriza: um lado mais “naïfe” de fazer música, mais simples e intuitivo. Os Virgem Suta são esses dois extremos.
P – Tocam diferentes instrumentos nos concertos, além das guitarras. O adufe e o cavaquinho são “presenças habituais”. O que os leva a escolher determinados instrumentos?
R – Surgem por várias razões. Primeiro porque os temos em casa e usamos também para compor. E cada um de nós tem uma grande coleção de instrumentos que vai comprando e temos alguma queda para instrumentos populares, muito embora não os usemos da forma mais convencional e é isso que se calhar faz depois a diferença em termos de sonoridade. Não somos propriamente uma banda popular portuguesa, nem temos essa pretensão.
P – Como definem a vossa música?
R – Somos uma banda de música moderna portuguesa, uma corrente que tem tantas vertentes. Nós assumimos esta que é no fundo a fusão do pop-rock com laivos de arranjos ou de sonoridades usadas na música popular do nosso país. Obviamente que as letras também puxam um bocado para esse lado das histórias do nosso quotidiano e que nós comemoramos no interior e no baixo Alentejo. Temos tendência a ir buscar esses imaginários. É uma música moderna com laivos do passado e a olhar para o futuro, espero eu.
P – É a primeira vez que atuam neste festival. Quais são as vossas expectativas?
R – Costumamos ir ao interior e às beiras muitas vezes. As expectativas são as melhores, até porque temos grande recetividade. Sempre que vamos tocar, e especialmente nos últimos concertos, fomos incrivelmente bem recebidos por parte das pessoas e os espetáculos têm sido cada vez maiores e mais intensos. Portanto, acho que vamos fazer uma grande festa. Vamos estar na reta final e temos de aproveitar todas as “cartas” que temos.