P – A Confraria do Bucho Raiano existe, formalmente, desde Maio do ano passado. Que balanço faz destes primeiros meses de actividade?
R – É muito positivo, porque a confraria foi ganhando formalidade ao longo dos meses. Fez-se a escritura e, em Janeiro, elegeram-se os corpos sociais, que já tomaram posse, o que significa que se tornou numa confraria a sério. Foram meses de muito dinamismo. Quem estava na comissão instaladora juntou-se várias vezes para preparar o seu futuro.
P – Quais os grandes objectivos?
R – Queremos que esta confraria seja mais um instrumento que o concelho tenha para se poder afirmar. O Sabugal é um concelho que, como todos os que estão no interior, vive vários problemas como o isolamento, a desertificação ou o envelhecimento da população, e pensamos que as iniciativas ligadas à gastronomia são fundamentais para o promover. É um potencial que temos. Há outros concelhos, aqui ao lado, que também têm bucho e consideramos que é possível desenvolvermos esforços concertados para que, através da gastronomia, esta região se afirme e desenvolva mais, como todos desejamos.
P – Agora que os órgãos sociais já foram empossados, o que se segue?
R – Segue-se o primeiro capítulo de entronização da confraria, dos confrades aderentes, que será a 17 de Abril, no Sabugal. Vamos fazer deste primeiro capítulo de entronização uma grande jornada de apoio ao bucho, à gastronomia raiana e à sua divulgação.
P – A Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas (FPCG) admitiu provisoriamente a Confraria do Bucho Raiano, no início do mês. Que significado tem?
R – Existe um grande rigor ao nível das confrarias gastronómicas. Nos termos dos estatutos da federação, uma confraria admitida fica durante um determinado tempo num período como que de provação, que é de um ano, em que vai demonstrar que é uma confraria organizada, que cumpre as regras fundamentais relacionadas com o mundo das confrarias gastronómicas. Só depois pode ser definitivamente aceite.
P – Que outras actividades estão previstas para este ano?
R – O nosso plano de actividades para este ano inclui, além do capítulo de entronização, um almoço em Évora, onde vamos divulgar o bucho no restaurante “O Sabugalense”, com a presença de pessoas do Alentejo que terão a oportunidade de o provar. Realizaremos, em Outubro, o primeiro congresso da gastronomia raiana e, lá para final do ano, haverá a recriação de uma matança tradicional.
P – E em relação aos almoços no Sabugal e Lisboa?
R – Como vem acontecendo desde que andamos nisto de criar a confraria, haverá todos os anos dois almoços, um no Sabugal e outro em Lisboa. O do Sabugal realiza-se no sábado anterior ao Carnaval e o de Lisboa é em Novembro.
P – Quantos confrades têm actualmente?
R – Temos 43. Cerca de metade reside em Lisboa, como é o meu caso, e a outra no Sabugal. A confraria é também uma ligação entre os sabugalenses que estão no Sabugal e em Lisboa.