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Valorização da cestaria de Gonçalo debatida no Parlamento

Tradição

A promoção e valorização da cestaria de Gonçalo (Guarda) esteve ontem em destaque no Parlamento com o debate de três projetos de resolução apresentados pelos grupos parlamentares do PS, PCP e BE.

As três propostas visam dar «notoriedade» e «visibilidade» à arte da cestaria, apostar «na formação r na certificação» e na aplicação de «políticas de preservação e difusão» daquela arte tradicional. O PS sugere no seu projeto de resolução que o Governo «avalie», em colaboração com as autarquias locais, a possibilidade de criação de um Centro para a Promoção e Valorização da Cestaria de Gonçalo, com vista a «assegurar um processo de certificação». Defende também a promoção, controlo, certificação e fiscalização da qualidade, «genuinidade e demais preceitos de produção da Cestaria de Gonçalo». O projeto apresentado pelo deputado Santinho Pacheco, eleito pelo círculo da Guarda, propõe ainda incentivos e apoios, a promoção de ações de formação e de valorização profissional, com vista à sua «divulgação e valorização». E recomenda a possibilidade da existência de uma classificação «quanto à sua origem e qualidade, de forma que seja inscrito em cada cesto o local de manufatura».

Na proposta lembra-se que Gonçalo é conhecida «em todo o país como a “terra dos cesteiros”», mas a arte da cestaria «atravessa a sua maior crise de sempre, caminhando a passos largos para o seu desaparecimento se nada for feito para a recuperar nas vertentes cultural e económica». Já o PCP explica que a cestaria «foi responsável por duzentos a trezentos postos de trabalho» em Gonçalo e que hoje «existem cerca de dez artesãos e que apenas três fazem da cestaria a sua forma principal de subsistência». Lembra que a produção de vime veio decaindo «por incapacidade de escoamento dos produtos, que competem num ambiente cada vez mais hostil ao produto nacional». E para relançar o setor recomenda ao Governo que, em articulação com o poder local, «disponibilize meios para a criação de uma estrutura de valorização, salvaguarda e promoção do património cultural e material relacionado com a produção e com o mercado da cestaria de Gonçalo, com capacidade para a certificação da origem e da técnica de cestaria».

O PCP defende igualmente que «promova, juntamente com os artesãos e as autarquias locais, a formação de novos artesãos», e que «crie um mecanismo de apoio à produção local de vime e à sua distribuição e escoamento».

Por último, o BE considera no seu projeto de resolução que a cestaria de Gonçalo «é um importante património nacional» e «há mais de 400 anos que ali se fazem cestos e foi dali que a arte da cestaria se espalhou pelo país».

O BE considera que «importa mover esforços e implementar políticas de preservação e difusão da cestaria de Gonçalo», dando-lhe «visibilidade». Nesse sentido, propõe que a Assembleia da República recomende ao Governo que estabeleça «mecanismos de salvaguarda da cestaria», nomeadamente a qualificação e a valorização das artesãs e dos artesãos. Aconselha ainda «o levantamento e inventariação das técnicas e processos» da arte de trabalhar o vime, o estudo e a investigação sobre a história, a estética, os processos, as técnicas e os materiais e a divulgação e promoção daquele património.

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