Joaquim Valente voltou a considerar, na última sexta-feira, que a Guarda reúne todas as condições para ser a Capital da Cultura do Interior, regressando a uma ideia que defendeu o ano passado, também por ocasião do Dia da Cidade. Para isso, é preciso que «o poder central olhe de outra maneira para o trabalho que é feito pelo TMG», sob pena de comprometer a sua sustentabilidade «a curto prazo», afirmou o autarca, que vai reivindicar apoios «custe o que custar».
O presidente da Câmara lamentou que o Governo não se tenha envolvido na luta pelo título de Capital da Cultura que o município persegue «É uma ambição que temos vindo a concretizar demasiado, para não dizer exclusivamente, por nossa conta», disse Joaquim Valente, para quem «chegou a altura de obtermos um apoio efectivo que dê à Guarda o reconhecimento que merece». Numa cerimónia em que estiveram presentes o Procurador-Geral da República, o penalista Figueiredo Dias e representantes das universidades de Coimbra e Salamanca, para a entrega do Prémio Eduardo Lourenço (ver caixa), o edil defendeu que é também pela cultura que se faz a aproximação a Espanha, apontando como exemplo o Centro de Estudos Ibéricos (CEI). Na sua opinião, a Guarda é a cidade «mais vocacionada, que nenhuma outra, para se assumir como plataforma» entre os dois lados da fronteira. O seu discurso incluiu ainda várias considerações sobre projectos que tem para este mandato, como a PLIE, a aposta na captação de investimento e criação de emprego ou o equilíbrio das contas municipais.
O Elogio à Guarda coube a Pinto Monteiro. O Procurador-Geral da República (PGR), natural de Porto de Ovelha (Almeida), considerou que a Guarda é «uma cidade em que a riqueza humana e cultural dos seus habitantes, daqueles que por aqui passaram e que inspirou e inspira, suplanta e muito a sua grandeza geográfica e demográfica». Pinto Monteiro lembrou nomes ligados à cidade, como Miguel Unamuno ou Vergílio Ferreira e a obra “Estrela Polar”, entre muitos outros, com especial referência a Eduardo Lourenço e a Adriano Vasco Rodrigues. O PGR, que ainda lamentou o problema da desertificação, disse que a Guarda continua «uma referência» na sua vida.
Momento «emocionante» para Figueiredo Dias
Em destaque na sessão solene esteve também a entrega do Prémio Eduardo Lourenço, que nesta edição foi para Figueiredo Dias. «Constitui uma consagração com uma importância da qual se me torna falar», afirmou o penalista, caracterizando o momento como «emocionante». Já Pinto Monteiro, lembrou aspectos da obra do seu antigo professor na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. O Procurador-Geral da República disse que ainda hoje o considera seu professor. «É o penalista que influenciou toda a minha geração», frisou.