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Valente diz que foi um «erro» a autarquia não ter assegurado direito de reversão

Presidente da Câmara da Guarda considera que o Parque Industrial cumpriu as funções para que foi criado

O presidente da Câmara da Guarda garante que a alternativa para as empresas interessadas em investir na cidade, ou que pretendam ampliar as actuais instalações, e que não dispõem de terreno para o fazer, é esperar pela nova área empresarial do concelho que será criada nos terrenos anexos à Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE). Já o presidente do NERGA lamenta que a cidade não tenha capacidade para dar resposta aos potenciais interessados em se instalarem por cá.

Joaquim Valente aponta o dedo aos executivos de Abílio Curto, que não colocaram qualquer cláusula nos contratos de venda de lotes no Parque Industrial que assegurassem o direito de reversão para a autarquia quando os objectivos para que foram adquiridos, ou seja a instalação de unidades industriais, não fossem efectivamente concretizados. Este lapso permite, actualmente, que haja lotes de terreno naquela zona sem qualquer uso e que «estão a servir para especulação imobiliária», queixam-se alguns empresários interessados em investir no parque industrial. Perante esta conjuntura, o autarca reconhece que foi «um erro» terem sido cedidos terrenos em «situações vantajosas» para fins industriais e «não se ter assegurado o direito de reversão» se, no fim de um determinado prazo, o investimento projectado não fosse implementado. «Não estando acautelado esse direito é complicado e acaba por permitir estas situações que não são justas, mas é a lei do mercado», considera, quando confrontado com as críticas de empresários que falam em especulação por parte de alguns proprietários.

Realçando que o Parque Industrial «cumpriu as suas funções», o edil apela a eventuais interessados em instalar-se na Guarda para que «esperem pela nova área empresarial, nos terrenos anexos à PLIE». De resto, Joaquim Valente garante que tem havido empresas privadas, «com sustentabilidade económica», que se têm instalado na cidade, sem, contudo, apontar exemplos.

Câmara tem que «melhorar condições» do Parque Industrial

Já Teixeira Diniz, presidente do Nerga – Associação Empresarial da Região da Guarda, vê com «apreensão» o facto de haver empresas que se queixam de não terem terrenos para se instalarem no Parque Industrial ou, pelo menos, para o fazerem a preços competitivos. «Andamos a chamar a atenção da Câmara para este assunto há muitos anos, pois tem afastado potenciais interessados em vir para a Guarda», adianta. «Há muito boas empresas que não vêm para cá por falta de condições e outras deixam a cidade precisamente porque lhes oferecem melhores condições noutros locais», assume. Por outro lado, o Nerga recebe «diariamente» queixas de empresas sobre esta situação e pedidos de informação de outras, «que temos que remeter para a autarquia por não termos resposta para lhes dar», lamenta. Por isso, antevê um futuro «muito negro» para a cidade, avisando: «Ou a PLIE anda depressa e cria espaços para se instalarem empresas, ou vamos ficar na mesma», considera. Mas Teixeira Diniz também espera que a Câmara «melhore as actuais condições do Parque Industrial, que não pode continuar no actual estado de abandono em que se encontra».

Ricardo Cordeiro

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