A Guarda é dos poucos distritos em que todos os utentes têm médico de família. «O nosso distrito é privilegiado por todos os utentes terem médico», sublinha Isabel Coelho, coordenadora da Sub-Região de Saúde. Actualmente, não há falta de médicos de família no município, existindo um especialista por cada 1.693 habitantes.
«Neste momento se quiséssemos considerar o rácio global do distrito, em termos de médicos de família, eu diria que não temos a mais, mas estamos mais beneficiados que o resto do país», afirma a responsável. Contudo, a coordenadora admite que no concelho de Seia existe mais dificuldades em colocar médicos. «Teríamos a cobertura global se pudesse haver mobilidade entre centros de saúde», acrescenta. Isabel Coelho diz que uma das grandes vantagens do distrito é a proximidade com a vizinha Espanha. «Temos absorvido médicos espanhóis que, depois de virem fazer a formação em medicina geral e familiar, quiseram ficar por estarem relativamente próximos de casa e, culturalmente, adaptam-se melhor às nossas gentes», adianta. Para além disso, existe uma forte aposta na formação de internos, que tem uma duração de três anos. «Estes dois factores fizeram com que a Guarda, que até já teve falta de médicos de família, não tenha agora», garante. Segundo Isabel Coelho, esta mudança começou a notar-se há cerca de quatro anos. Actualmente, o Centro de Saúde da Guarda já tem12 médicos espanhóis no quadro, dois contratos administrativos de provimento, que estão a concorrer a dois lugares do quadro, dois internos a fazer especialidade de medicina familiar e um contratado a termo certo.
A nível de cuidados primários, o Centro de Saúde da capital de distrito também não sente a falta de enfermeiros, embora alguns quadros de outros centros de saúde ainda não estejam completos. «No ano passado entraram 22 enfermeiros para o quadro do distrito. No entanto, agora não temos nenhum concurso a decorrer porque a legislação está em mudança e quem vier a seguir será com contrato individual de trabalho», revela. Porém, nos centros de saúde onde não existe o número suficiente de enfermeiros no quadro a Sub-Região de Saúde tem celebrado contratos de trabalho para colmatar essa falta. «Há três centros onde ainda se nota falta de enfermeiros. Na Guarda temos quatro enfermeiros com contratos», refere. Isabel Coelho diz ainda que no último ano tem havido uma grande mobilidade de enfermeiros, que já estão efectivos no quadro hospitalar, para as unidades de saúde de cuidados primários. «Ao contrário do que acontecia antes, nota-se agora uma movimentação dos hospitais para os centros de saúde», salienta.
Unidade de Saúde Familiar vai funcionar na Misericórdia
A primeira Unidade de Saúde Familiar da Guarda irá funcionar no centro da cidade. A candidatura foi feita no passado 14 de Maio e irá funcionar num dos pisos do Hospital da Misericórdia. «As Unidades de Saúde Familiar vão permitir trazer mais médicos de famílias aos utentes. Mas, nesta candidatura, não vamos notar tanto isso, porque na Guarda não temos utentes sem médico de família», recorda a coordenadora. Esta candidatura acontece no âmbito da divisão do Centro de Saúde da Guarda em dois pólos, com o intuito de gerar «um espírito mais familiar», esclarece. «Houve um grupo de profissionais que preferiu avançar para a Unidade de Saúde Familiar, agregando pessoas que têm a mesma filosofia na prestação de cuidados de saúde primários», adianta Isabel Coelho. Para a coordenadora, esta descentralização de serviços em unidades mais pequenas permitirá «uma maior cobertura da cidade», já que a Guarda será servida por um pólo no Parque da Saúde, outro no centro e mais um na freguesia de São Miguel. «As unidades mais pequenas são também mais fáceis de administrar e até de gerir o desperdício», assegura. A Unidade de Saúde Familiar da Guarda, denominada “A Ribeirinha”, terá 10 médicos, nove enfermeiros e sete administrativos.
Novo Centro de Saúde em 2008
O novo Centro de Saúde da Guarda era há muito desejado por médicos e utentes e será uma realidade já em 2008. A actual unidade de saúde esteve desde o início “condenada”, por causa, nomeadamente, dos acessos.
«As obras de requalificação desta unidade nunca nos pareceram as mais adequadas para um Centro de Saúde. Basta dizer que o acesso interior é feito por escadas», recorda Isabel Coelho. Quanto a novos serviços, a coordenadora da Sub-Região de Saúde refere «não haver necessidade», já que o novo centro continuará a estar perto do Hospital Sousa Martins. «A nossa preocupação vai mais no sentido de criar novas consultas noutros centros de saúde do distrito», adianta. Uma das prioridades a concretizar com esta nova unidade é a criação de melhores salas de acolhimento aos alunos que anualmente passam pelo Centro de Saúde. «Este ano lectivo já passaram por cá mais de 90 estudantes, só da Universidade da Beira Interior», revela, acrescentando que o Centro de Saúde recebe ainda alunos da Escola Superior de Saúde da Guarda e do Instituto Piaget de Viseu. As obras já arrancaram junto à Cercig, estando o seu fim previsto para o final de 2008. No entanto, Isabel Coelho alerta que, depois de finalizada a empreitada, «ainda há muito trabalho a fazer, nomeadamente para equipar o centro», sendo por isso difícil prever quando ficará pronto a funcionar. O actual Centro de Saúde tem ao serviço 14 médicos.
Tânia Santos