Arquivo

Unidade Local de Saúde da Guarda uma Realidade

No passado dia 12 de Junho, o Conselho de Ministros finalmente aprovou o decreto-lei que cria a ULS da Guarda e os seus respectivos estatutos. A nova Entidade Pública Empresarial (EPE) integrará o Hospital Sousa Martins, da Guarda, o Hospital Nossa Senhora da Assunção, em Seia, todos os centros de saúde do distrito da Guarda, com a excepção de Aguiar da Beira e Vila Nova de Foz Côa, bem como todas as Unidades de Saúde Familiar que vierem a ser criadas na região. A ministra da saúde Ana Jorge dá então cumprimento a uma medida anunciada pelo anterior ministro Correia de Campos, nascendo assim a ULS da Guarda e reafirmando-se o compromisso de requalificação e ampliação do Hospital Sousa Martins, com início marcado para meados do próximo ano.

A criação da Unidade Local de Saúde da Guarda, para além de poder contar com um novo equipamento hospitalar em Seia, um requalificado equipamento na Guarda e outros novos equipamentos como os Centros de Saúde de Gouveia e Pinhel. É também ela, um novo modelo organizacional, que se bem implementado, permitirá através da gestão integrada das várias unidades de Saúde da região, melhorar a tão deficitária articulação entre os cuidados de saúde primários e os hospitalares, podendo assim optimizar a resposta dos serviços com ganhos de saúde para todos. Este modelo, se bem “abraçado” por todos, irá a meu ver, permitir práticas de gestão na Saúde que puderam equilibrar a eficiência, a efectividade e a equidade, assegurando uma real continuidade de cuidados e garantindo assim uma melhor qualidade nos serviços prestados aos cidadãos do nosso distrito.

Tendo as Unidades Locais de Saúde como missão formal identificar activamente as necessidades de saúde das populações por elas abrangidas e dar-lhes uma resposta integrada, oferecendo um contínuo de cuidados e serviços de fácil acesso e circulação que permitam ganhos em saúde, com eficiência técnica e social. A criação da ULS da Guarda pode assim significar a via acertada para melhorar a interligação dos centros de saúde com os hospitais e com todas as outras entidades ligadas à saúde regional ou local. Sendo capaz de rentabilizar a capacidade hospitalar instalada no distrito, através da definição de uma carteira de serviços de diagnóstico e terapêutica, disponíveis aos centros de saúde da sua área de atracção; sendo capaz de criar consultas hospitalares, regulares, nos centros de saúde a partir dos principais serviços hospitalares de referenciação; sendo capaz de articular projectos que visem uma boa continuidade dos cuidados de saúde; sendo capaz de instalar meios complementares de diagnóstico e terapêutica para os cuidados de saúde primários, numa base de parceria e cooperação entre os hospitais e os centros de saúde e sendo capaz de partilhar uma central de compras e de custos. Podendo todas estas medidas contribuir para uma melhor articulação e optimização dos meios, maior proximidade dos cuidados e uma melhor gestão financeira.

Tendo uma administração única, será naturalmente facilitada a gestão e a implementação das medidas necessárias à melhoria do sistema de saúde do distrito. Que a meu ver terá sucesso se tiver um projecto estratégico sólido, que não se limite apenas á mera administração diária dos recursos, mas que desenvolva um enquadramento hábil assente nas prioridades de distribuição dos recursos disponíveis e numa boa integração e interacção das diversas entidades, privilegiando a comunicação em rede assegurada pelos meios informáticos necessários.

Mas, tudo isto só será possível com o envolvimento de todos, pois a génese de qualquer organização passa pelo envolvimento dos seus profissionais. Que poderá ser conseguido pela transparência do projecto e pela gestão realista das expectativas, sendo assim importante manter os profissionais no terreno, enfermeiros, médicos, administrativos e todos os outros, conscientes das dificuldades locais e de todas as outras inerentes ao processo de mudança, mas mantendo-os animados e motivados por um objectivo comum. Esperando um papel coerente do Ministério da Saúde e da sua Administração Regional, de muito apoio mas pouco intromissão, para que seja possível desenvolver um modelo consistente e adaptado às nossas realidades e dinâmicas locais.

A operacionalidade da ULS da Guarda, a meu ver, deverá assentar num modelo que seja capaz de rapidamente mudar os procedimentos necessários, mas que sobretudo permita que as boas práticas locais de cada unidade de saúde integrada possam existir e até mesmo difundir-se pelo Sistema, valorizando e potenciando as soluções óptimas localmente encontradas, permitindo assim que todos possam de forma igual contribuir para o processo de inovação e aumento da qualidade.

Assim como no passado, também agora é necessário juntar esforços e vontades, para que este novo projecto Unidade Local de Saúde da Guarda, seja uma realidade que corresponda às nossas expectativas e que na óptica de proximidade dê resposta às reais necessidades da nossa população. A interioridade da nossa região será sempre um obstáculo com o qual temos que coabitar, e embora na qualidade de EPE a ULS da Guarda goze de uma maior flexibilidade nas contratações que venham a demonstrar-se necessárias, a carência de meios humanos poderá continuar a ser uma realidade, perante a qual a responsabilidade de no futuro os cativarmos será também de todos nós. Por isso, é pois necessário a ajuda de todos, contribuindo para construir uma imagem positiva de sucesso deste nosso projecto. E é acreditando que a ULS trará ganhos em saúde para toda a população do distrito da Guarda e melhores condições de trabalho para todos aqueles que nela exercem a sua actividade profissional, que para terminar, me apraz dizer que devemos todos agarrar esta oportunidade e abraçar este novo projecto de Saúde, como sendo de todos para o bem de todos.

Por: Joaquim Nércio

Sobre o autor

Leave a Reply