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Uma vida feita de muitos golos

Rui Ascensão foi o grande goleador do Distrital da Guarda com 27 golos em 30 jogos

À semelhança do brasileiro Liedson na Superliga, Rui Ascensão também costuma “provocar o pânico” entre as defesas contrárias. Aos 31 anos, este verdadeiro “matador” tornou-se, pela segunda vez na sua carreira, o melhor marcador da Iª Divisão Distrital da Guarda com 27 golos nos 30 jogos efectuados ao serviço do Vila Cortês. Apesar de já ter jogado nos campeonatos nacionais da IIª Divisão B e da IIIª, o goleador confessa que sempre sentiu ter condições para chegar ainda mais longe na sua carreira.

Obviamente satisfeito por ter sido o principal goleador do Distrital, Rui Ascensão sublinha, sem vedetismos, que sempre teve o «dom de marcar bastantes golos», desde as camadas jovens até hoje, onde «felizmente as coisas me têm corrido bem», frisa. Já no ano passado, ao serviço do Trancoso, assegura que poderia ter alcançado o topo da lista de goleadores, mas uma lesão inoportuna interrompeu a boa temporada que vinha fazendo. Nesta hora de “glória”, o avançado, que tem como referência o ucraniano Shevchenko, não esquece o papel que os seus companheiros desempenharam para este êxito pessoal e diz por isso que não é o “abono de família” das equipas por onde tem passado: «Tenho tido a felicidade de marcar golos, mas tudo isso depende do contributo da equipa porque funcionamos como um todo e para eu marcar alguém tem que abrir espaço», revela com a mesma facilidade com que, por vezes, parece ludibriar os defesas antes de fazer baloiçar as redes da baliza adversária. Segredos ou “receitas milagrosas” para marcar tantos golos é que parecem não existir, sendo antes um instinto que «já nasce com as pessoas», considera. Por outro lado, se não tem actualmente «a mesma velocidade» de há uns anos atrás», a experiência adquirida agudizou-lhe o sentido de oportunidade para “facturar”.

Curiosamente, tanto nesta como na época anterior, o melhor marcador do Distrital da Guarda foi treinado pelo seu irmão Carlos Ascensão, o que, por vezes, é complicado, admite. «É fácil porque, felizmente, damo-nos bem e também é por isso que o tenho tentado acompanhar para onde tem ido. Mas por outro lado, quando alguma coisa corre mal, é sempre mais fácil “descarregar” em mim», ironiza. O percurso de Rui Ascensão começou nos infantis do Vale de Azares, ingressou depois nos iniciados do Celoricense e nos juvenis e juniores da Lageosa do Mondego, onde se estreou a jogar nos seniores quando ainda era júnior. Na primeira época como sénior, ainda ao serviço do clube da sua terra, sagrou-se pela primeira vez melhor marcador do Distrital. O que lhe valeu um contrato com o Sporting Celoricense, na altura no Nacional da IIIª Divisão, escalão onde jogou nas duas épocas seguintes ao serviço do Fornos de Algodres. Sempre a marcar golos, acabou por ingressar, por duas temporadas, na Desportiva da Guarda, então na IIª Divisão B, regressando depois ao Fornos por mais um ano. Após seis épocas nos Nacionais, o avançado voltou à Lageosa do Mondego, seguindo-se então o Trancoso e Vila Cortês.

Actualmente com 31 anos, diz que é um «bocadinho complicado» voltar a competir no Nacional da IIIª Divisão, uma vez que «é cansativo treinar todos os dias após uma jornada de trabalho». No entanto, não fecha em definitivo essa hipótese, até porque sente que ainda pode ser útil na IIIª. «Penso que, trabalhando como os outros, ainda tenho condições e há jogadores mais velhos que eu que têm feito grandes épocas na IIIª Divisão», realça. De resto, olhando um pouco para trás e sem querer ser «vaidoso», pensa que poderia ter chegado mais longe na sua carreira e jogar na Liga de Honra ou mesmo na Superliga. «Mas o futebol também é uma questão de sorte e nesta zona estamos um bocadinho esquecidos», lamenta.

Ricardo Cordeiro

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