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Uma viagem gastronómica em Trancoso

Feira do Fumeiro, dos Sabores e do Artesanato da Estrela ao Côa terminou domingo com sucesso

Houve muitas coisas boas para provar e levar para casa no pavilhão multiusos de Trancoso, durante a primeira Feira do Fumeiro, dos Sabores e do Artesanato da Estrela ao Côa promovida no último fim-de-semana pela ACITAM – Associação Comercial e Industrial de Trancoso, Aguiar da Beira e Mêda, Cooperativa Bandarra e associações de desenvolvimento rural da Raia Histórica e Pró Raia. A organização considera que o certame alcançou os objectivos traçados e até surpreendeu nalguns aspectos.

É que os inquéritos levados a cabo junto dos visitantes permitiram concluir que uma percentagem significativa, «cerca de 20 por cento, de quem passou pelo pavilhão no sábado e domingo veio das cidades do litoral, como Lisboa, Porto, Coimbra ou Aveiro. O que é muito positivo em termos da promoção do evento e dá-nos boas perspectivas para as próximas edições», explica António Oliveira, presidente da ACITAM, muito agradado com o êxito da nova aposta da associação comercial trancosense. O espaço do pavilhão foi cuidadosamente ordenado para albergar os 80 expositores, os três restaurantes típicos e um palco para os espectáculos de música popular que ritmaram os três dias do certame. Uma boa banda sonora para uma autêntica viagem pelos quatro cantos da região, guiados por inúmeros sabores e tesouros gastronómicos da Estrela ao Côa. Um desses roteiros poderia começar pelos vinhos e azeite biológico do Rabaçal (Mêda), seguindo para o vinho generoso do Vale da Teja, antes de degustar enchidos da Castanheira, dos Fóios ou de Trancoso e de variar com um bom queijo da Serra dos produtores locais, acompanhado com peso e medida por pão tradicional. Para sobremesa, o dilema acentuou-se entre as famosas sardinhas doces de Trancoso, a doçaria tradicional de Torre de Moncorvo e umas compotas, doces e conservas de frutas, autênticos “miminhos”. Mas a viagem não se ficou por aqui. Houve ainda que “subir” à Serra da Estrela para arranjar tapetes, mantas e casacos artesanais ou ir até Carviçais para levar alguns cestos.

Tudo isto e muito mais, bem à mão e à distância de umas passadas no arejado e moderníssimo pavilhão multiusos. «Houve um período, sobretudo no sábado e domingo, em que quase não se conseguiu circular», adianta António Oliveira, sublinhando que a feira irá repetir-se no próximo ano porque os expositores que participaram na primeira edição ficaram «claramente satisfeitos» com o negócio e o certame. «Iremos fazê-la sempre nesta altura do ano, para aproveitar também os fluxos das amendoeiras em flor, mas tendo sempre o cuidado de não a fazer acontecer em simultâneo com outras feiras de actividades e do queijo, muito habituais nestas semanas», garante o presidente da ACITAM. Impressionado ficou também o secretário de Estado do Desenvolvimento Rural, Bianchi de Aguiar, para quem a Feira do Fumeiro, dos Sabores e do Artesanato da Estrela ao Côa mostrou ser possível «valorizar os produtos, criando valor acrescentado para os produtores, mas também tratar com dignidade os agricultores e as suas actividades, valorizando-as como uma actividade cultural, no caso dos produtos tradicionais, que será tão nobre como a pintura, a escultura ou música», referiu. De resto, o governante considerou que a actividade agrícola teve uma presença «digna e moderna» num certame que promoveu «quem trabalha na agricultura», uma profissão «tão ou mais digna que outras da cidade».

Luis Martins

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