Arquivo

Uma república das bananas

Editorial

1. O capitão de Abril Vasco Lourenço de vez em quando resolve sair do museu para ameaçar com mais uma revolução. Desta feita, decidiu avisar o Governo que se mandar a polícia reprimir manifestantes, as Forças Armadas terão de estar com «a população» e travar as putativas intenções que o poder político, democraticamente eleito, possa legitimamente tomar. Claro que muita gente se revê e aplaude as palavras do “capitão” que, como se isto fosse uma república das bananas (por vezes parece!), defende que o poder legítimo só tem legitimidade enquanto governa de acordo com os interesses corporativos de alguns, nomeadamente dele e dos militares que, como ele, ganham milhares de euros por mês. Por isso, temos de ouvir, ultimamente, tanto saudosista gritar que «não foi para isto que fizemos o 25 de Abril». Pois não! Não foi para haver tanto político a receber reformas chorudas, mesmo que estejam no ativo em qualquer empresa privada ou pública; não foi para haver tanto privilégio destinado a uns poucos, enquanto a maioria dos trabalhadores portugueses levam para casa 800 euros; não foi para haver uns poucos que, por sorte, berço ou filiação partidária tenham direitos adquiridos, que agora se recusam a perder; nem foi para que aqueles que no Governo, nas câmaras municipais ou na administração pública tenham benesses, reformas, prémios e… etc, enquanto há dois milhões de pobres em Portugal. Esta crise tem um efeito higiénico. A identificação da podridão, a ladroagem começa a ser identificada, com nome e apelido.

2. As eleições para a distrital do PSD ainda não estão marcadas (deverão ocorrer em Dezembro), mas ao anunciar a sua candidatura, Rui Ventura vem precipitar o debate interno e, prematuramente, obriga outros dirigentes a decidirem avançar. Curiosamente, Ventura tenta colar-se à imagem de Passos Coelho, como protagonista de uma suposta renovação, o que não deixa de ser patético, sendo ele um dos dirigentes com mais anos de atividade partidária – entre a JSD, a concelhia de Pinhel e a presença constante na vida do PSD distrital nos últimos anos. O mesmo se pode dizer daqueles que supostamente o apoiam – querem renovar o espectro partidário, mas são todos jovens “velhos” no partido e na política.

Porém, o mais interessante da luta anunciada é saber se Álvaro Amaro vai concorrer para renovar o seu mandato ou se deixa o caminho livre a Júlio Sarmento. O autarca de Gouveia mostra alguma fadiga em relação à vida partidária distrital e tem pouca margem para decidir continuar. Hoje mesmo, entre os dois, deverá ficar decidido o papel que caberá a cada um no futuro do partido na Guarda. O que avançar, ganhando a distrital, terá logo de seguida de preparar a candidatura à Câmara da Guarda. Amaro ou Sarmento, o que presidir à distrital será o candidato à autarquia da capital de distrito, ambos analisam os estudos de opinião que lhes garantem que nunca a imagem do PS foi tão negativa por cá e que Valente tem uma popularidade baixíssima. Não se podem é esquecer que o Governo durante os próximos dois anos vai continuar a tomar medidas pouco populares e que, em 2013, já ninguém se vai lembrar de como o governo PS deixou o país… a culpa será toda do PSD.

3. O INTERIOR, com o “Intertoon”, ganhou o mais importante galardão de desenho de imprensa em Portugal, o Prémio Stuart. O prémio foi pela primeira vez atribuído a um órgão de imprensa regional – coisa pouca, mas a verdade é que nunca antes um jornal de fora de Lisboa tinha ganho um Prémio Stuart… O “cartoonista” Luís Veloso, que leva mais de 11 anos a descontrair-nos, mesmo quando as notícias não ajudam, foi aplaudido por retratar o precipício para onde nos conduzem há anos o PS e o PSD.

Luis Baptista-Martins

Sobre o autor

Leave a Reply