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Uma nova liderança

Crónica Política

Sendo eu, por natureza, um optimista incorrigível, não escondo o desânimo com que encaro as perspectivas políticas, quer nacionais, quer locais. Em ambos os casos este estado de espírito decorre das lideranças que se perfilam como ganhadoras dos próximos actos eleitorais.

Creio, como vai sendo vulgar, que o atraso da Guarda se justifica com a ausência, ao menos no pós-25 de Abril, de vultos políticos ímpares. Não porque nos tenham faltado políticos populares capazes de exaltar multidões e de obter resultados eleitorais avassaladores. O que nos faltou foi horizonte e ambição. Tem-nos faltado arrojo, inteligência e criatividade.

É, antes de mais, um problema de escala. Podemos contentar-nos com ruas bem pavimentadas, belos ajardinados, muitas rotundas e uma sala de festas em cada aldeia. Pode o executivo municipal trabalhar arduamente por ir respondendo às queixas dos munícipes. Pode haver boa vontade. Mas não é assim que se edificam as cidades do futuro. Duarte Pacheco foi audaz. Alguém teve a ousadia de pensar a Expo 98. E Mirandela fica mesmo aqui ao lado; como a Covilhã e Castelo Branco – a comparação é inevitável.

As expectativas para a Guarda eram muito elevadas. Pela primeira vez equacionaram-se estratégias, definiram-se rumos. Fez-se aquilo que foi um dos raros actos iluminados, recorrendo-se aos melhores em “outsourcing” – palavra odiosa, mas útil – pensando-se para além da nossa pequenez. Refiro-me aos serviços de Augusto Mateus, ele próprio verdadeiro autor da ideia de Plataforma Logística. Finalmente a Guarda tinha projectos mobilizadores e estruturantes. E qual o balanço?

Não vale a pena repetir argumentos para avaliar a Plataforma Logística, o Pólis ou o Projecto de Centro de Estágios de Alta Competição. Nem para avaliar as políticas de Turismo. Nem vale a pena determo-nos com as desculpas: são-me indiferentes as desculpas. A Guarda continua a ser uma cidade pequenina!

E o centro histórico?

De passagem ilustro a ideia de capacidade de gestão. Já sabemos que as obras são vitais. E não tenho dúvidas de que o calendário foi pensado criteriosamente. O resultado, porém, foi exactamente o oposto do planeado, coincidindo as obras na Rua do Comércio com o período do Natal. O objectivo era o contrário…

E que dizer do estaleiro no nosso cartão de visitas que é a Praça Velha? Não era possível reduzir a área do estaleiro, mantendo tanto quanto possível, espaço para os transeuntes? Não seria possível, ao menos, vedá-lo com tapumes? Alguém já viu redes e tapumes com imagens do património, alguns com fotografias dos monumentos em obras, a atenuar o efeito negativo dos trabalhos? Vê-se por toda a Europa…

Este período de apresentação de candidatos é, por definição, de expectativa. A ideia de passarmos mais um mandato conformados é ainda mais frustrante quando sabemos existirem na Guarda personalidades de valor, com mérito e currículo. Essas personalidades devem emergir. Sob pena de nos vermos cingidos a mais do mesmo!

Por: Rui Quinaz

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