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Uma nova geração em empresas familiares

Jovens da Guarda investem nas empresas da família e apostam na inovação para fintar a crise

Foi em Lisboa que Sofia Caldeira, 29 anos, iniciou o seu percurso profissional, depois de ter concluído o mestrado em Engenharia Civil, na Universidade de Coimbra. O exigente nível de vida lisboeta e a perspetiva de um novo trabalho mais próximo de casa fizeram-na regressar à sua cidade, a Guarda. A família há muito que trabalhava no setor da construção. E agora é a sua vez de integrar a equipa da JCCaldeira, a empresa que é «fruto do empreendedorismo» do seu avô.

«O setor enfrenta uma crise que dificulta a integração de engenheiros juniores no mercado de trabalho. Assumindo esse facto e aliando-o ao gosto pela minha profissão, decidiu-se de forma consensual a minha integração na JCCalderia», refere. Atuando na área dos materiais de construção, a empresa criada pelo seu avô passou depois para a gestão dos pais. Acompanhar as mudanças que o mercado impõe tem sido tarefa árdua ao longo dos últimos anos, mas Sofia Caldeira acredita que, com a sua formação, poderá ajudar a dinamizar a empresa, sugerindo «uma nova forma de ver o setor da construção».

No cargo que agora ocupa, assume que faz «um pouco de tudo», com maiores responsabilidades direcionadas para a componente técnica e para o departamento comercial. Apesar de ter iniciado funções há pouco tempo, já tem ideias vincadas sobre o rumo que a JCCaldeira deverá tomar: «Queremos dar um contributo positivo nos tempos que correm e, para isso, é urgente a mudança de hábitos nas formas de construir e de projetar infraestruturas», defende.

Além disso, a manutenção dos edifícios é outras das áreas que procura dinamizar na empresa. «Gostaríamos que cada vez mais o mercado nos visse como impulsionadores de uma prática responsável e nobre que é a reabilitação de edifícios», revela. Sofia Caldeira garante que «ainda é cedo» para falar de dificuldades quando se assume funções numa empresa gerida por familiares. Não nega que possa, por vezes, existir «um choque de gerações», mas não vê isso como algo negativo. «Não deixa de ser interessante e é também uma forma de aprender», conclui.

«Nasci praticamente neste meio»

Filipe Pinheiro, 28 anos, também trouxe novas ideias à empresa que o seu pai já geria. Depois de ter terminado o curso de Gestão de Empresas – Ramo Finanças, no Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra, teve a oportunidade de passar da teoria à prática na Maquiguarda. Na sua opinião, «cabe às novas gerações contribuir com inovação nas empresas familiares».

O contacto com o ramo adquiriu-o desde cedo, a acompanhar o pai na empresa. «Nasci praticamente neste meio», lembra, acrescentando que o pai foi «o seu melhor professor». Depois da faculdade, quis alargar horizontes na Maquiguarda. «Um dos primeiros objetivos foi abrir a empresa a outros mercados, através das novas tecnologias», explica Filipe Pinheiro, acrescentando que procurou definir a imagem da empresa não só ao nível nacional, mas também internacional. Apostar no marketing e em meios de controlo interno de forma «a garantir uma maior satisfação da rede de clientes» foram outros objetivos que procurou atingir, enquanto Gestor Comercial. Além disso, desenvolveu ainda a criação de um novo ramo de negócio, relacionado com o aluguer de equipamentos industriais.

Numa empresa familiar, reconhece que é necessário «não confundir laços de afetos e laços contratuais». Tal como Sofia Caldeira, também assume que «duas gerações têm visões diferentes sobre determinados assuntos da empresa». Mas «é algo natural e deve ser utilizado como fonte de melhoria empresarial», defende. No futuro, pretende continuar a «fortalecer o projeto» criado pelos seus pais, mas tem consciência que «herdar a empresa» de um familiar nem sempre implica «herdar a capacidade de a gerir». Ainda assim, procura «reunir todas as capacidades necessárias» e tem em mente que é sempre necessário adaptar a empresa «a uma sociedade em constante mudança».

Sofia Caldeira estudou Engenharia Civil em Coimbra Filipe Pinheiro estudou Gestão de Empresas em Coimbra

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