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Um prémio único na Beira Interior

Pedro Rodrigues da Silva distinguido pelo Ministério da Agricultura com trabalho desenvolvido na Quinta da Ereira

Pela primeira vez, a Beira Interior vai ser distinguida com um Prémio Anual de Agricultura. O autor desta “proeza”, alcançada entre explorações de todo o país, é o jovem Pedro Rodrigues da Silva que arrebatou a distinção na área das “Florestas”, fruto do trabalho desenvolvido na Quinta da Ereira, freguesia dos Meios, Guarda. O galardão vai ser entregue durante este mês no Porto, numa cerimónia que vai contar com a presença do Ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, Armando Sevinate Pinto.

O engenheiro de produção animal, de 33 anos de idade, ficou «naturalmente bastante satisfeito» com a distinção, «nem que mais não seja, porque é a primeira vez que este prémio vem para a Beira Interior», sublinha. No entanto, também a nível pessoal a distinção é vista como uma compensação: «Fico também satisfeito por ser um projecto inteiramente da minha responsabilidade, desde a sua elaboração até à sua concretização, e sempre acompanhado por mim», assegura, ressalvando, contudo, que este galardão não vai alterar «em nada» aquilo que estava idealizado para o futuro. Na hora de “colher os louros”, Pedro Rodrigues da Silva diz que o «reconhecimento» do seu trabalho também se fica a dever ao interesse que a Direcção Regional de Agricultura da Beira Interior (DRABI) demonstrou «em levar esta candidatura para a frente», reconhece. A Quinta da Ereira é uma imponente propriedade que chegou a ter mais de mil cabeças de ovelhas, tendo até fornecido queijo para a antiga Casa Real Portuguesa, mas que foi votada ao abandono durante cerca de 15 anos até que Pedro Rodrigues da Silva, da quinta geração da família proprietária e acabado de sair da Escola Superior Agrária de Castelo Branco, decidiu meter mãos à obra.

Entre a extensão intervencionada, cerca de 178 hectares foram florestados com diversas espécies autóctones, como pinheiro bravo e castanheiros, juntamente com outra área «considerável», onde foi feita a «beneficiação de uma mata de carvalhos», indica. De realçar que todo o projecto foi desenvolvido dentro do Parque Natural da Serra da Estrela, pelo que houve uma «preocupação ambiental muito grande para preservar o mais possível as espécies existentes», ao mesmo tempo que se tentou de «uma forma mais consciente fazer uma reflorestação que permita ser sustentada a médio prazo», garante. O projecto da Quinta da Ereira foi o eleito pela DRABI para concorrer ao prémio nacional após os técnicos terem entendido que reunia «melhores condições» para poder ter sucesso. «Foi feita uma candidatura onde foi demonstrada a forma como os projectos de investimento foram elaborados e concretizados», a parte contabilística e financeira também foi analisada, bem como «tudo aquilo que os projectos trazem de novo para as regiões onde estão inseridos», explica Pedro Rodrigues da Silva. Para o futuro, o engenheiro já tem em mente outro projecto que passa por promover o «aproveitamento e a transformação de todo o material existente na floresta», com excepção das árvores, ou seja, tudo o que é «mato e infestantes», de modo a que possam vir a ser consumidos como matéria para as lareiras. Trata-se de uma ideia que está a ser desenvolvida com outra empresa e que poderá ser uma «forma de sustentabilizar a floresta sem ser necessário recorrer aos apoios directos do Estado», adianta quem gasta «cerca de 90 por cento» do seu tempo neste projecto florestal e agrícola.

Ricardo Cordeiro

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