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Um Portugal em festa

Hoje sabemos que não há corrupção em Portugal. Hoje somos um país feliz. O único (com Malta) na Europa que não tem comissão de investigação da corrupção e não tem porque não precisa. O único em que o poder não corrompe e não suja. O único em que ninguém com poder chamou o marido para assessor, ou os filhos para secretaria de Estado. O único em que os deputados não estão nos escritórios da empresa que concorre à lei que eles escrevem. Nós somos um país extraordinário, onde um padre nunca violou uma criança, onde um político nunca recebeu luvas, onde um submarino nunca trouxe água na barba. Aqui é tudo boa fé e amor. Não percebem que aquele dinheirito foi para obras de beneficência? Não compreendem que em cada Fundação há caridade e compaixão? Não percebem que os nomes que se repetem nas Instituições são coincidência? Só por maldade alguém contraria Cândida Almeida que tão bem falou na Universidade de Verão do PSD. Aqui, neste recanto à beira mar plantado, todos em festa, descobrimos que as escorregadelas em obras públicas, as estradas onde não faziam falta, os teatros em lugares perdidos, as piscinas onde ninguém quis nadar, os passeios refeitos quatro vezes, as rotundas aos molhos, nada disto era suspeito. Bicho que tem duas orelhas grandes, tem tromba e dois dentes enormes, é cinzento, pode ser um esquilo, ou uma codorniz, o que não é, jamais o seria para Cândida Almeida, é um elefante. E que será de nós se Felícia Cabrita investiga e Cândida decide?

Por: Diogo Cabrita

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