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Um país «Super – Sem Chumbo»

«Proponho que os novos exames tenham as soluções no final, com letras pequeninas e invertidas. Mas com letras grandes a dizer: “Soluções: vire a página ao contrário”. Estou certo que a média final não será famosa, mas já mais próxima da média pretendida. É simples, fácil e dá milhões… de alunos para as universidades (…) E certamente teremos um país mais evoluído no futuro. Em que o gestor da empresa, ucraniano, chamará o empregado da limpeza, português, e dirá: “Que grande país é Portugal”»

É só “chumbos”. Os exames devem ter coincidido com a época de caça. O país está estupefacto, porque de facto, uns alunos “chumbam” porque não sabem fazer contas e outros “chumbam” porque não sabem interpretar os problemas. Há ainda os que “chumbam”, porque infelizmente não sabem fazer nem uma coisa nem outra.

É também um “chumbo” para os professores. Uns porque também não souberam interpretar ou fazer contas destes exames. Outros, porque não souberam ensinar os alunos a interpretar duas linhas de português ou a ter um raciocínio lógico até às contas feitas por calculadora. Mas neste país não há bons e maus professores. Não há misturas. Então, ou são todos bons professores ou todos maus professores. Como corporativamente não se querem sentir “chumbados” preferem “chumbar” a Ministra da Educação e as suas ideias parvas de reformar o ensino e responsabilizar os professores.

A Ministra “chumba” porque não soube escolher uma equipa de professores que fizessem exames à altura rasteira da preparação de muitos alunos. Logo, sem alunos a passar de ano escolar (independentemente do que saibam), as universidades correm o risco de terem matéria-prima. O que significa, fechar cursos e “chumbar” a renovação de contratos com professores. Alguns, garantem-me, que até sabem interpretar problemas e fazer contas ao mesmo tempo.

Então vamos lá repetir exames, com um grau de dificuldade similar ao mínimo denominador comum dos conhecimentos dos alunos, para reanimar as aves “chumbadas”. Eu como pai “chumbei” no meu direito a avaliar os professores, mas apesar de tudo quero colaborar. Proponho que os novos exames tenham as soluções no final, com letras pequeninas e invertidas. Mas com letras grandes a dizer: “Soluções: vire a página ao contrário”. Estou certo que a média final não será famosa, mas já mais próxima da média pretendida. É simples, fácil e dá milhões… de alunos para as universidades. Mesmo que amanhã, o gestor de uma empresa, tenha de pedir ao funcionário da limpeza, ucraniano, para lhe ajude a fazer as contas e interpretar um problema em português.

Não há bons e maus professores. Nada de misturas. Os professores continuarão a seu uma classe unida de, obviamente, óptimos professores. O ministro(a) – seja quem for – será sempre um mau ministro(a). Os sindicatos conseguirão sempre fazer coincidir as greves com os as “pontes” – o que é sinal de raciocínio lógico de bons professores que são.

É evidente que não são precisas reformas nem o assumir de responsabilidades. Nem elevar o grau de exigência. Não é preciso saber fazer contas nem interpretar português. E mesmo assim seremos no futuro um país mais evoluído. Em que o gestor da empresa, ucraniano, chamara o empregado da limpeza, português, e dirá: “Que grande país é Portugal”.

Seremos então um país “Super – sem chumbo”.

* Director da Kaminhos.com

Por: João Morgado

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