Os presépios são uma tradição que está a perder-se na modernidade, mau grado serem um elemento figurativo incontornável da época natalícia ao qual cabe representar o carácter religioso do momento. É, de resto, um símbolo antigo que remonta ao século XIII. No entanto, as primeiras imagens que representam a Natividade foram pintadas em mosaicos no interior das igrejas e templos no século VI.
São Francisco de Assis começou a divulgar a ideia de criar figuras em barro que representassem o ambiente do nascimento de Jesus e será dele o primeiro presépio, em 1224. A partir daí, a ideia foi-se propagando para os conventos e casas nobres, onde as representações se tornavam cada vez mais luxuosas. Portugal conheceu três grande artistas nesta arte. Alessandro Giusti (1715-99) foi o primeiro. Escultor e decorador italiano, veio para Portugal para embelezar igrejas e conventos de Lisboa e Mafra, tendo fundado uma escola. Fez um grande presépio em terracota para o Marquês de Belas. Veio depois António Ferreira (1731-95), que se especializou em esculturas de barro policromado, inspiradas no episódio da Natividade. Fez vários presépios para oratórios privados e foi o grande rival de Machado de Castro, tendo trabalhado para a basílica do Sagrado Coração da Estrela, para a Madre de Deus e as Cartuxas de Lavoiras. Os seus presépios incluíam cenas profanas – romarias, tocadores de feira, cavaleiros, com trajes contemporâneos – muito na moda.
Faustino José Rodrigues (1717-1802) foi outro grande artista na arte dos presépios. Aluno de Machado de Castro, é o autor do presépio do Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa e terá, supostamente, colaborado com o mestre no presépio da Sé Patriarcal de Lisboa. Finalmente, o mais emblemático autor: Joaquim Machado de Castro (1731-1822). Nascido em Coimbra, começou a sua aprendizagem com o pai, escultor santeiro. Frequentou posteriormente, em Lisboa, a oficina de Nicolau Pinto e a de José de Almeida. Em 1756 foi para Mafra trabalhar com Alessandro Giusti nas obras do convento, como escultor de D. José , e ingressou na Escola de Mafra. Regressou à capital para obras reais e constituiu a Escola de Lisboa. O seu presépio mais conhecido e perfeitamente identificado é o da Sé de Lisboa. No entanto, muitos outros terão saído das suas oficinas, conforme se pode ler no livro «O Presépio, Oito Séculos de História, Arte e Tradição», de Pietro Gargano, publicado pela Editora Replicação.