João Borrego é um jovem treinador com grandes ambições no mundo do futebol. Com apenas 35 anos, conseguiu levar, em duas épocas consecutivas, o Sporting Clube da Mêda ao quarto lugar do Distrital. Quanto ao futuro mais próximo, um dos mais jovens técnicos do futebol distrital ainda não sabe se continuará a orientar o clube da terra natal ou se abraçará um novo desafio na sua, ainda, curta carreira.
João Borrego considera as duas quartas posições da Mêda nos últimos campeonatos «excelentes classificações», enaltecendo a «qualidade do futebol» apresentado e as «dificuldades» criadas às restantes equipas. «Não era fácil substituir um treinador de créditos firmados, como Germano Carvalho», recorda, admitindo que sempre sentiu ter condições para «pôr a equipa a jogar bom futebol e ser respeitada por todos os adversários». Deste modo, a Mêda, «em três anos», deixou de lutar pela permanência para quase chegar ao pódio, regozija-se. No entanto, apesar de considerar que esta última temporada foi «fabulosa» pelos 12 pontos de vantagem em relação ao Figueirense, acreditava «pessoalmente» que a equipa poderia ter chegado «ainda mais longe». Agora, na hora de saborear estas duas épocas «bastante positivas», o técnico, que vai começar a frequentar o curso de terceiro nível, não deixa de agradecer o apoio da esposa e do filho [mora e trabalha em Lisboa], dos jogadores, que fizeram por merecer o «prémio» dos quartos lugares, bem como da massa associativa do clube, da direcção e do presidente «em particular».
O Sporting da Mêda foi considerada uma das equipas que melhor futebol praticou no último Distrital. Uma “imagem de marca” que João Borrego vai tentar «incutir nas equipas por onde passar», garante quem aposta permanentemente na evolução da sua metodologia de treino e na «rotatividade» dos aprontos. O técnico, que considera José Mourinho o «melhor do mundo», gosta de «criar empatia» com os seus jogadores e de ser «muito exigente» tanto consigo próprio, como com os atletas em termos da «metodologia de trabalho», indica. Por outro lado, há uma pecha que vem corrigindo com o passar do tempo: «Sei que falhámos, nomeadamente nalguns jogos, no aspecto disciplinar, e aí faço uma auto-crítica e a experiência é que vai ditar um melhor comportamento porque reconheço que as coisas não podem ser tão espalhafatosas», diz.
Chegar ao «topo» seria treinar o “seu” Sporting
No entanto, tudo tem um limite e Borrego relembra um “episódio” que o deixou «boquiaberto» no jogo da sétima jornada em Vila Cortês do Mondego, arbitrado por Fernando Nevado. A derrota por 3-2, num «jogo fulcral», afastou «um bocadinho» a Mêda dos primeiros lugares. «Quando o jogo estava quase a começar reparei que tinha deixado a braçadeira no balneário e fui lá buscá-la. Qual não é o meu espanto quando venho para trás e ouço um dos auxiliares dizer ao árbitro que “estes hoje estão feitos”. O que se verificou é que fomos claramente prejudicados», garante. Também na segunda volta a equipa «abanou um pouco» com a prolongada lesão do avançado Paulo João. Para o futuro, o agente da PSP em Lisboa, ainda não tem «nada acertado» com nenhum clube, sendo que a continuidade à frente da Mêda é uma possibilidade, mas tudo está dependente da assembleia geral a realizar dia 29, da qual deverá sair a nova direcção. Entretanto, aventou-se o interesse de duas ou três equipas da Iª Distrital da Guarda, uma das quais quer formar um grupo forte para a próxima época. «Mas de concreto nada houve», assegura.
Para trás ficou ainda o “não” a um convite para treinador-adjunto do Loures (IIIª Divisão Nacional) por pretender «subir degrau a degrau e com maior experiência» como técnico principal para que «algumas portas se abram depois». Os seus objectivos passam por «fazer o melhor possível e tentar criar uma estabilidade enorme tanto ao nível emotivo, como da exigência de trabalho. Sei que se conseguir aliar isso posso vir a ter sucesso», acredita. Como jogador, João Borrego jogou em diversos clubes na IIIª Divisão Nacional e foi campeão distrital três vezes pelo Foz Côa. Um percurso que gostava de repetir como treinador, embora alimente o «sonho» de chegar mais além. O «topo» seria um dia ter a oportunidade de treinar o “seu” Sporting Clube de Portugal.
Ricardo Cordeiro