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Um complexo sonoro chamado Zu

Trio italiano inicia esta noite na Guarda mini-digressão portuguesa

Já lá vai o tempo do ciclo de jazz da Guarda, mas a cidade não deixa de ser um ponto de passagem obrigatório de alguns projectos nacionais e internacionais de renome, como será o caso esta noite no auditório municipal. O trio italiano Zu sobe ao palco com as suas sonoridades “avant jazz”, “free jazz” ou mesmo “hard-core”, argumentos que granjearam a esta pequena e criativa formação o epíteto de progressiva e temperamental. A sua música remete-nos, de alguma forma, para os The Ex, mas numa vertente mais jazzística e apenas instrumental.

Luca T. Mai (saxofone), Massimo Pupillo (baixo) e Jacopo Battaglia (percussão) chegam e sobram para um estilo desconcertante, que não se recusa a misturas, a inovações e à exploração das múltiplas possibilidades sonoras dos respectivos instrumentos, computadores, caixas de ritmos e outros elementos adicionais. O grupo nasceu em 1999 após dois anos de clausura em busca do seu próprio estilo, que viu a luz do dia em “Bromio”, um trabalho que funciona como que uma primeira declaração de intenções dos Zu – termo que significa fechado em alemão. Seguiu-se uma digressão pelos Estados Unidos, onde colaboraram com grandes nomes do jazz de Chicago, como Ken Vandermark, Jeb Bishop e Fred Longberg Holm, trabalhando ainda com o guitarrista vanguardista Eugene Chadbourne na produção do álbum “Motorhellington”, considerado pela crítica como uma tentativa para «destruir» a história do rock e do jazz. E não é para menos, pois o registo promove influências musicais tão diversas que vão de António Carlos Jobim, a Charles Mingus, passando pelos Motorhead e os Kraftwerk. A jornada americana deu ainda origem a “Igneo”, produzido no Chicago’s Electrical Audio por Steve Albini e considerado um «ruidoso ritual de fogo».

Assumindo-se essencialmente como “live band”, os Zu têm no seu currículo mais de 300 concertos por toda a Europa e Estados Unidos, tocando em várias ocasiões com bandas como The Ex, Nomeansno, Dalek, Fantomas, Girls vs Boys, Vandermark 5, Spaceways Inc., Karate, Aaly trio, Ex Girl ou Noxagt. Para posteridade ficou o CD “Live in Hellsinki”, gravado em 2002. Desde a sua fundação, os Zu já gravaram cinco CD’s e estão em Portugal para uma mini-digressão, que arranca esta noite na Guarda. Seguem-se os concertos na Galeria Zé dos Bois (Lisboa) e no bar Maus Hábitos (Porto). O bilhete custa dois euros e está sujeito aos habituais descontos. O espectáculo é organizado pela autarquia local.

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