Associado, durante largos anos, às tradições académicas da Guarda, o Chafariz da Dorna é uma das poucas construções do género existentes nesta cidade.
A escassos metros de um troço de calçada romana – da via que ligava Braga a Mérida – este chafariz, de estilo barroco, data de finais do século XVIII e foi uma importante estrutura do fornecimento público de água à malha urbana da Guarda.
Ladeado, atualmente, pela Avenida Francisco Sá Carneiro, passa desapercebido e fica fora do roteiro das referências citadinas.
Ainda que o acesso não seja difícil, o facto de estar encoberto por uma estação de serviço, localizada naquela rodovia, não facilita a sua localização/visualização por parte do normal transeunte ou dos habitantes menos identificados com o espaço da mais alta cidade de Portugal.
Nas primeiras décadas do século passado, o Chafariz da Dorna foi o local de batismo dos caloiros guardenses, no contexto de uma tradição académica que tinha o seu ponto alto no primeiro dia de Dezembro; nos dias de hoje também os estudantes (provavelmente por desconhecimento) estão alheados desta faceta, que podia ser facilmente revitalizada e aproveitada para projeção desse sítio, reatando os elos com o passado.
Aliás, o próprio espaço circundante poderia ser alvo de uma adequada intervenção de forma a proporcionar melhores condições para fruição permanente por parte dos guardenses, ou ser aproveitado para diversas atividades culturais, constituindo-se como cenário alternativo.
Há, nesta cidade, muitos recantos e encantos por descobrir, valorizar e dinamizar; a Guarda precisa de se renovar, não de viver em função de ciclos e calendários políticos ou numa permanente reflexão de temas que se arrastam ao gosto de alguns, sempre sob a capa das promessas adiadas.
A criatividade, as propostas inovadoras, as estratégias consentâneas com o tempo presente, o trabalho determinado e a competência devem ser a resposta constante de uma cidade que quer ser vista, positivamente, a partir de vários ângulos.
E essa resposta passa, obviamente, por se conhecer e sentir a cidade, sem deixar espaços, tradições e vivências, em zonas de penumbra ou esquecimento.
Por: Hélder Sequeira
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