A Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda agiu judicialmente contra o município de Trancoso por causa de uma moção em que se solicitava a inclusão do concelho na rede de cuidados de saúde de Viseu. O processo está ainda na fase inicial, tendo recentemente sido ouvidos alguns dos autarcas que aprovaram o documento na Assembleia Municipal, em Setembro de 2008.
Conforme O INTERIOR noticiou, a moção não poupava os médicos do hospital da Guarda, aludindo mesmo a um «clima de desconfiança em relação ao Sousa Martins, alimentado por sucessivos exemplos de grosseiros erros médicos, praticados em vários munícipes, o que origina um sentimento de insegurança na população do concelho». Além disso, a maioria dos deputados municipais considerou que, no distrito, «não há estruturas públicas de saúde com padrões de qualidade». Já o hospital era classificado como «uma não realidade, sucessivamente adiada, continuando por requalificar e carecendo de recursos humanos e técnicos». Na altura, os eleitos pretendiam seguir o exemplo dos concelhos de Aguiar da Beira e Vila Nova de Foz Côa, mas apenas o primeiro ficou dependente do Hospital São Teotónio, em Viseu.
Uma opção com a qual concordava o presidente da autarquia. Para Júlio Sarmento, a moção defendia os interesses dos munícipes. «É mais do que uma provocação, é uma chamada de atenção para a falta de capacidade reivindicativa da Guarda e representa, sobretudo, uma real defesa dos direitos constitucionais à Saúde dos trancosenses», alegou. Há pouco mais de um ano, a Câmara até já tinha comunicado à Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro a sua indisponibilidade para integrar quaisquer agrupamentos de centros de saúde no distrito e até a própria ULS. Actualmente, Júlio Sarmento, que se recusou a prestar declarações sobre o processo por estar em segredo de justiça, concede que, em 2008, vivia-se «um contexto mais delicado em termos de saúde no distrito» e que a questão já está ultrapassada.