A Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda garante que os cadáveres não ficam, durante a noite, no mesmo espaço que os doentes internados no Hospital Sousa Martins, desmentindo a informação veiculada na segunda-feira pelo “Jornal de Notícias”.
O diário noticiou que «quem morrer no hospital da Guarda a partir das 20 horas fica na enfermaria até de manhã. Com os vivos. Os motoristas que levavam os cadáveres à morgue deixaram de receber horas extras» para a ULS «poupar dinheiro». Situação que, para a diretora clínica, não corresponde à verdade: «Há espaços próprios e reservados para isso em cada enfermaria, até porque é obrigatório por lei haver um espaço para estas situações até ser declarado o óbito. Além disso, tentamos sempre que haja um espaço condigno quando a morte ocorre durante a noite», declarou Fátima Cabral. Em conferência de imprensa, a médica acrescentou que, «como não temos uma taxa de ocupação de cem por cento na maior parte das enfermarias, é possível resolver isso mobilizando camas e tendo os cadáveres num espaço adequado e sem estarem misturados com os vivos». O que, segundo a responsável, acontece «em todos os hospitais, só de manhã são transferidos para a morgue, que, no caso da Guarda, funcionou sempre em instalações exteriores ao hospital».
A diretora clínica da ULS adiantou que tudo mudará com a abertura do novo pavilhão, que dispõe de uma zona própria para receber os cadáveres mesmo durante a noite. «Aí teremos condições ideais e não haverá mais este problema», afirmou, revelando haver já «um pré-acordo» com o consórcio construtor para o recomeço dos trabalhos «muito em breve». Atualmente, a morgue do Sousa Martins funciona das 8 às 20 horas, após as quais só é permitido aos familiares levantar corpos no dia seguinte, tal como acontece nos restantes hospitais do país. «Entre a meia-noite e as oito da manhã morreram no nosso hospital 38 pessoas no ano passado. Se contarmos o período das oito à meia-noite, pode aumentar um pouco mais, mas não morre mais do que uma a duas pessoas por noite na ULS por semana», disse Fátima Cabral.
A clínica escusou-se a comentar se esta situação fica a dever-se aos cortes nas horas extraordinárias dos motoristas do hospital, dizendo apenas que «neste momento temos que atender a todas as despesas que fazemos e que não sejam absolutamente necessárias». Em comunicado, a ULS sustenta que a notícia do “JN” «só se deve à manifesta vontade de criar um caso, já que o referido jornal foi previamente esclarecido de que as informações que dizia dispor eram falsas e em nada correspondentes com a realidade». «O Hospital Sousa Martins é uma unidade hospitalar humanizada que dispõe, para além da morgue, de espaços próprios para guarda dos corpos, com dignidade e reserva, que cumprem todos os requisitos de higiene e segurança», lê-se no documento.
Luis Martins
Comentários dos nossos leitores | ||||
---|---|---|---|---|
|
||||