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UBI sem investigação “excelente”

Quatro unidades de investigação e desenvolvimento classificadas com “muito bom” e duas com “regular”

Nenhuma das Unidades de Investigação e Desenvolvimento (I&D) da Universidade da Beira Interior (UBI) foi classificada com “Excelente” na avaliação internacional promovida pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Das 11 unidades avaliadas, quatro tiveram “muito bom”, cinco “bom”, e duas “regular”, sem que nenhuma tenha ficado no escalão mais baixo, o “fraco”.

Ainda assim, o financiamento da FCT também não abrange as unidades “regulares”, pelo que o Centro de Estudos Sociais (UBI-CES) e o Centro de Accionamentos e Sistemas Eléctricos (CASE) não receberão dinheiros deste organismo público nos próximos quatro anos. O Aeronautics and Astronautics Research Center (AeroG), o Centro de Investigação em Ciências da Saúde (CICS), o Instituto de Filosofia Prática (IFP) e o Laboratório de Comunicação e Conteúdos Online (LABCOM) são as melhores Unidades de I&D da UBI, com a classificação de “muito bom”. Estas unidades receberão anualmente 4.125 euros por cada doutorado (receberiam 5.500 caso tivessem recebido “excelente”), o que representa 28.875 euros para o AeroG, 144.375 euros para o CICS, 37.125 euros para o IFP, e 53.625 euros para o LABCOM. Apesar de ambicionar mais, o reitor mostra-se agradado com estes resultados: «Temos nove unidades financiadas, pelo que não se pode dizer que esta é uma má avaliação. Demonstra é que a UBI está no bom caminho», declarou.

Segundo Santos Silva, estes resultados enquadram-se numa «evolução». «Temos de ter em conta que a UBI é muito jovem e relativamente pequena. Até aqui a preocupação foi fixar o corpo docente e qualificá-lo», justifica. Com esta estratégia, a instituição covilhanense tem já 72 por cento de docentes doutorados. No panorama nacional, o número de unidades financiadas pela FCT diminuiu em cerca de 20 por cento desde a avaliação de 2003, «acelerando a melhoria do sistema científico e concentrando mais recursos em instituições de qualidade comprovada», lê-se no relatório. No lado oposto, o futuro do UBI-CES, do CASE e de outras unidades sem financiamento está nas mãos das universidades que, a contas com dificuldades financeiras sobejamente conhecidas, devem decidir «sobre a integração dos investigadores dessas unidades em dinâmicas de investigação alternativas». No CASE, o relatório refere que «a organização e administração da unidade não parece satisfatória». Quanto ao UBI-CES, «o painel sugere o repensar das ambições de uma forma mais realista e num estilo mais pragmático».

Santos Silva não tem dúvidas: «O UBI-CES tem de fazer uma reflexão. Uma das soluções poderá ser a fusão e reordenamento das duas unidades das Ciências Sociais e Humanas», adianta. O mesmo já não vale para os dois centros ligados à Aeronáutica. Para além do AeroG, com “muito bom”, o “bom” do Centre for Aerospace Science and Technologies (CAST) permite um encaixe suplementar de 55 mil euros para a investigação nesta área específica, sendo que ambas as unidades subiram um escalão desde 2003. Um dado que demonstra «uma dinâmica interessante para reunir o maior número de investigadores», argumenta o reitor. Curiosamente, Santos Silva tem a coordenação científica da unidade de I&D “ubiana” que vai receber a segunda maior fatia. Os 47 doutorados de Materiais Têxteis e Papeleiros (MTP) vão poder contar com 129.250 euros, logo a seguir ao CICS, de João Queiroz. A investigação na área da saúde é, aliás, uma das que merece maiores elogios ao ainda reitor.

«Gostaria de ter unidades com “excelente”, mas, por exemplo, o Instituto Gulbenkian de Ciência também teve “muito bom”, a mesma nota do CICS, que está numa Faculdade com apenas sete anos. Além disso, na UBI os investigadores não se dedicam a essa actividade em exclusividade, também dão aulas», afirmou. Dados que levam o responsável máximo pela UBI a acreditar que a instituição «tem uma produção científica ao nível nacional», e que os resultados estão «acima da média nacional». Daqui para a frente, «lança-se o desafio de que nos próximos anos a produção científica aumente», vaticina Santos Silva.

Igor de Sousa Costa

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