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UBI com poucos lugares e IPG com mais de metade das vagas por preencher

Número de alunos colocados na primeira fase de acesso ao ensino superior diminuiu a nível nacional

O número de alunos colocados na primeira fase de acesso ao ensino superior diminuiu pela primeira vez em seis anos. Na região, há realidades distintas, com a Universidade da Beira Interior (UBI) a conseguir uma taxa de ocupação de 90 por cento, enquanto no Instituto Politécnico da Guarda (IPG) sobraram para a segunda fase mais de metade dos lugares disponibilizados, o que significa que apenas 35 por cento das vagas foram ocupadas.

De acordo com a lista divulgada pela Direção-Geral do Ensino Superior (DGES) no último fim-de-semana, os alunos que pretendam ingressar no IPG, na segunda fase do concurso nacional, dispõem ainda de 498 vagas em 21 cursos, já que apenas 291 lugares foram ocupados. Enfermagem e Farmácia foram as únicas licenciaturas onde a procura foi suficiente para preencher os 40 lugares disponibilizados em cada uma. Do “outro lado” ficaram cursos como Animação Sociocultural (cinco vagas ocupadas), Engenharia Civil (4), Engenharia Topográfica (1), Secretariado (3), Energia e Ambiente (3) ou Contabilidade (3) – que registaram uma fraca “adesão” por parte dos candidatos (ver quadros). No que diz respeito a médias, é mais uma vez a Escola Superior de Saúde a sobressair, com os 13,78 valores do último colocado em Enfermagem, seguindo-se os 13,58 na licenciatura em Farmácia.

Já Desporto e Gestão Hoteleira registaram ingressos de alunos com média negativa: 9,5 e 9,6 respetivamente. Em declarações a O INTERIOR, o presidente do IPG disse não ter ficado «muito surpreendido» com os resultados. «Houve uma redução dos candidatos a nível nacional e já estávamos à espera que os Politécnicos do interior sofressem mais com isso. A única surpresa foi o resultado da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG), onde sabíamos que ia haver diminuição da procura, mas nunca tão grave como se veio a verificar. Os números são demasiado baixos», reconhece mesmo Constantino Rei. Esta tendência de diminuição da procura já se havia sentido no ano anterior, quando a taxa de ocupação na primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior foi de 46 por cento. O responsável mostra-se «preocupado» com o agravar da situação neste ano letivo, no entanto, defende que o problema não está no «prestígio da própria instituição», mas sim «na política de racionalização da oferta formativa a nível nacional».

Há cursos que poderão ser «descontinuados»

Apesar do cenário pouco animador, Constantino Rei garante que durante este ano deverá ser possível «manter todos os cursos em funcionamento», mas adianta que num futuro próximo terão que equacionar a continuação de algumas licenciaturas. «Há cursos que estão no limiar da sustentabilidade em termos do número de alunos. É o caso de Engenharia Topográfica, Energia e Ambiente e Secretariado», considera, acrescentando que «Contabilidade e Gestão de Recursos Humanos [que até aqui existiam em regime diurno e noturno] já não poderão funcionar com duas turmas». Terão, por isso, de ser «descontinuados», deixando de existir progressivamente, à medida que os alunos já integrados nas turmas noturnas terminem os seus estudos. De facto, Contabilidade e Gestão de Recursos Humanos são as únicas licenciaturas oferecidas em regime pós-laboral e, nesta primeira fase do concurso, nenhuma das vagas disponibilizadas (5 e 15 respetivamente) foram ocupadas.

Quanto às consequências da progressiva falta de alunos, o presidente do IPG afiança que o despedimento de docentes não está nos horizontes da instituição. «Nós já temos um quadro permanente bastante inferior ao que tínhamos há uns anos e contratamos a tempo determinado outros professores conforme a necessidade. Mas, no que diz respeito ao corpo permanente, nem sequer se põe a hipótese de não renovar contratos porque o Estatuto da Carreira Docente não o permite», esclarece ainda. Constantino Rei entende que a manter-se este cenário negativo, «as instituições, sobretudo as do interior, vão definhando». Defende, por isso, que o Governo adote «mecanismos de coordenação globais», tais como não permitir a abertura de certos cursos ou de mais vagas. «Não tenho dúvidas que há licenciaturas em excesso, algumas delas em universidades e politécnicos geograficamente próximos e isto é um problema de política a nível nacional», sustenta. De resto, acha que há também uma «questão cultural» por detrás da escolha dos alunos, já que, «entre uma universidade e um politécnico, o estudante escolhe quase sempre o primeiro».

UBI tem apenas 147 vagas disponíveis na segunda fase

Não muito longe, na Covilhã, os números mostram uma realidade diferente. Na UBI, das 1.295 vagas oferecidas são 1.165 as que já foram ocupadas nesta fase de acesso, restando agora apenas 147 lugares, o que significa uma taxa de ocupação de 90 por cento. Das 29 licenciaturas, 21 já têm todos os lugares preenchidos. Medicina (140 vagas ocupadas), Ciências do Desporto (60), Arquitetura (65), Gestão (60) ou Ciências da Comunicação (50) são apenas alguns exemplos. Pelo contrário, cursos como Filosofia (regime pós-Laboral), onde apenas uma das 20 vagas disponibilizadas foi preenchida, ou Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (oito vagas ocupadas das 20 atribuídas) estão em maus lençóis. No topo das médias fica o curso de Medicina, cujo último colocado entrou com 18,08 valores, seguindo-se Ciências Farmacêuticas com 17,06. Já Filosofia e Sociologia registaram médias negativas, com o último candidato a entrar com 9,7 valores.

«A aposta da universidade num ensino de qualidade, em formações tendo em conta a evolução do mercado de trabalho e os constantes investimentos na inovação resultaram na elevada taxa de colocação nesta primeira fase», concluem os responsáveis da UBI em comunicado. No total, este ano perto de 53 mil estudantes candidataram-se ao ensino superior público. Foram disponibilizados 53.500 lugares, tendo sido colocados na primeira fase 42.243 candidatos, menos 3.349 que em 2010. A segunda fase do concurso nacional já está a decorrer e prolonga-se até dia 30 deste mês, estando ainda disponíveis 11.938 vagas por todo o país.

Catarina Pinto IPG ainda tem 498 vagas disponíveis para a segunda fase de candidaturas

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