Mais de metade das licenciaturas da Universidade da Beira Interior (UBI) foram candidatadas, na última sexta-feira, à Direcção-Geral do Ensino Superior como estando preparadas para funcionarem sob os paradigmas de Bolonha no próximo ano lectivo.
Dos 32 cursos existentes, 20 foram já reestruturados para cumprirem os preceitos da Declaração de Bolonha, nomeadamente a criação do ensino no espaço europeu e a auto-aprendizagem. Com este processo, o ensino estará centrado em dois ciclos, vulgarmente denominados como 3+2, e basear-se-á essencialmente na auto-aprendizagem. Ou seja, um primeiro que corresponde ao grau de licenciado atribuído ao fim de 180 unidades de crédito (ECTS), e um segundo que corresponde ao grau de mestre e no qual os alunos poderão escolher determinados ramos de especialização. Na área das ciências exactas, a UBI candidatou os cursos de Bioquímica, Química Industrial, Ensino da Matemática (com a especialização em Ciências da Computação no segundo ciclo) e Optometria e Optotecnia (Física Aplicada). Neste, os alunos poderão também optar pelos ramos de Optometria – Ciências da Visão ou Óptica e Instrumentação no segundo ciclo. Nas Engenharia já estão reestruturados os cursos de Informática (com a opção de Redes e Multimédia, Computação e Sistemas Inteligentes ou Sistemas de Informação no segundo ciclo); Têxtil (com os ramos de Enobrecimento e Desenvolvimento do Produto) e Química. Este passará a designar-se como Ciências da Engenharia Química no primeiro ciclo de ensino, tendo ainda integrado (obrigatório) os restantes dois anos, com os ramos em Ciência e Tecnologia do Papel e Ciências do Ambiente.
A licenciatura em Design Têxtil e do Vestuário também muda de nome para se chamar Design de Moda, com a opção de Vestuário ou Têxtil no segundo ciclo, enquanto que Design Industrial se centrará no grau mestre em Design Industrial e Tecnológico. Nas Ciências Sociais e Humanas foram reestruturados os cursos de Gestão, Marketing e Economia. Este último possibilita também especializações no segundo ciclo, nas áreas de Crescimento e Desenvolvimento Económico; Industrial e da Empresa; Financeira; Regional e Internacional. Os cinco anos em Psicologia também são “obrigatórios”, visto que é nos dois últimos que se encontram as especializações em Psicologia Clínica e da Saúde; Educação e do Aconselhamento e ainda do Trabalho e das Organizações.
Três cursos num único
A grande alteração na área de Artes e Letras verifica-se nos cursos de Língua e Cultura Portuguesas, Português/Espanhol e Português/Inglês, que se fundirão num só: Línguas, Literaturas e Culturas. O primeiro ciclo será geral e vai abranger os estudos portugueses, espanhóis e ingleses, enquanto que o segundo estará dividido em vários ramos das letras. O novo curso que a UBI conta abrir no próximo ano, Ciências Farmacêuticas, surgirá igualmente adequado a este modelo, mas com a obrigação dos cinco anos. Para já, o reitor Santos Silva está optimista quanto ao registo destes cursos na DGES, até porque a UBI está «mais do que preparada», aludindo a um corpo docente «qualificado e empenhado» e infraestruturas «adequadas» para satisfazer a aprendizagem e conhecimento do aluno. Contudo, se os cursos não forem todos aprovados, a UBI vai continuar com esta «mudança de paradigma» do conhecimento, centrado numa aprendizagem por objectivos e aquisição de competências. E nisso, a universidade já foi «pioneira em Portugal no que respeita à Medicina», recorda, orgulhoso. Apesar de preocupada com as alterações de Bolonha, a Associação Académica deu um «sinal de confiança» quanto à reestruturação dos cursos.
Senado aprova Ciências Farmacêuticas
A aposta da Universidade da Beira Interior (UBI) quanto à criação de novos cursos continua a ser na área da saúde. Tal como aconteceu no ano passado, o Senado voltou a aprovar apenas uma nova licenciatura, desta feita em Ciências Farmacêuticas. O curso, cujo registo já foi já requerido à Direcção-Geral do Ensino Superior, terá cinco anos de duração mais um estágio de um semestre numa farmácia pública. Apesar estar integrado no modelo 3+2, os alunos que se formarem em Ciências Farmacêuticas só serão «acreditados» ao fim dos cinco anos, revelou a “O Interior” João Queiroz, presidente da Faculdade de Ciências da Saúde. Daí que o novo curso tenha sido requerido à DGES como Ciclo de Estudos Integrado Conducente ao Grau de Mestre. Para João Queiroz, trata-se de um curso com uma «formação de base bastante grande», visto que se destinará às componentes de investigação, papel do farmacêutico e laboratório de análise. Apesar de ainda não ter sido aprovado pelo Ministério da Ciência, Inovação e Ensino Superior (MCIES), aquele responsável diz-se esperançado no arranque da nova licenciatura «no próximo ano», até porque está inserido no Plano de Desenvolvimento da FCS. Além disso, a instituição já possui instalações e corpo docente qualificado. «Vai interessar a muitos e bons alunos», garante, isto porque se centra numa alternativa aos cursos de Farmácia nas universidades clássicas.
Liliana Correia