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Turismo cultural, uma rota de desenvolvimento para a Guarda

Sonhar é preciso

A Guarda, à semelhança do resto do país, enfrenta hoje uma crise de sustentabilidade e crescimento que tende a agravar-se. A frágil situação económica em que se encontra, a incapacidade que tem demonstrado para a atração de empresas sustentáveis (nacionais e estrangeiras), a dificuldade em desenvolver padrões de qualidade e de competitividade atraentes para o investimento na indústria criativa, no comércio e no turismo, a dificuldade em manter as referências geradoras de interesse e de produção de riqueza por parte de pequenos e médios investidores (que são a maioria no universo empresarial do distrito), são algumas da características que têm marcado a vida dos cidadãos que, na Guarda, teimam em não baixar os braços e se recusam a acreditar que os regulamentos, as leis e o direito são meios de adversidade e ganham força de perseguição através de obstáculos veiculados pelos órgãos de administração local, regional e nacional.

Sendo a Guarda débil em numerosos campos da atividade, a começar pela sistémica crise demográfica, torna-se necessário desenvolver ações que possam minimizar aquelas debilidades e levar à prática quotidiana o aproveitamento do potencial existente em áreas onde a tradição, a criatividade e os recursos naturais disponibilizam as mais-valias necessárias para a criação de áreas de desenvolvimento capazes de dinamizarem a economia e atraírem investidores e visitantes com capacidade para potenciar uma base sólida de desenvolvimento.

Mas estamos a falar de quê? Perguntarão alguns, estabelecidos num status quo que julgam favorável aos seus interesses de grupo ou de supostas elites dominantes. Antes de mais, estamos a falar de crescimento. Não de um qualquer crescimento, mas de um crescimento que possa cumprir as funções de desenvolvimento económico-social, de ordenamento do território, de defesa e preservação do ambiente, de defesa da identidade. Em resumo, estamos a falar de atividades, privadas e públicas, relacionadas com a CULTURA, com o TURISMO, com a NATUREZA, com a LOCALIZAÇÃO ESTRATÉGICA, com o CONHECIMENTO e, acima de tudo, com as PESSOAS que vivem ou queiram viver no distrito da Guarda.

A Guarda tem sido olhada como uma região do interior do país, onde se destaca a Serra da Estrela, que para além de ser referenciada como uma zona de fronteira, deprimida e com pouco desenvolvimento, também é conhecida pela qualidade do ar e por ser terra de gente hospitaleira. Alguns destes elementos são fatores de atração a que se devem juntar outros tão importantes como o PASSADO, a TRADIÇÃO, o PATRIMÓNIO CULTURAL urbano e rural, a qualidade da ÁGUA, a diversidade das PAISAGENS, a excelência do AMBIENTE, a riqueza da GASTRONOMIA, a afirmação da HISTÓRIA que se manifesta desde o Paleolítico ao Mundo Antigo (Grécia e Roma), do Medieval ao Barroco e vem até nós no terceiro milénio. Temos Diferenciação e Inovação, temos Aldeias Históricas onde o tempo parece ter parado, temos um mundo rural insuperável na originalidade, temos arquitetura vernácula e erudita inimitáveis, conjuntos e sítios históricos únicos

Acreditamos que o caminho para uma reativação realista da economia com resultados visíveis a curto prazo está na análise e compreensão de que um futuro-outro passa pela Guarda voltada para a exportação de um produto tão diferenciado como inesgotável – o património natural e cultural –, captando mais visitantes, ou seja, incentivando e desenvolvendo as indústrias do turismo e da cultura. Haja vontade por parte dos governos locais e os projetos estratégicos não são de difícil aparecimento.

Por: Quelhas Gaspar

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