Os municípios da Covilhã, Belmonte, Gouveia e Manteigas juntaram-se, na semana passada, para defender a construção de túneis rodoviários na Serra da Estrela, independentemente dos custos, para melhorar as acessibilidades regionais. Contra esta solução estão as Câmaras de Seia, Fornos de Algodres e Oliveira do Hospital, que apoiam novos itinerários complementares (IC’s) na encosta Sul da Serra.
«O custo não pode ser impeditivo das melhores soluções, até porque esta é uma revolução total na região. É uma obra de Estado, que abrange 150 mil pessoas», realçou o autarca da Covilhã, Carlos Pinto. Nesse sentido, os quatro autarcas presentes na conferência de imprensa não excluem a instalação de portagens, pois «sabemos que cada quilómetro de túnel custa tanto quanto três quilómetros de IC», sublinhou José Manuel Biscaia, de Manteigas. Já Álvaro Amaro questionou a rentabilidade económica do Metro de Coimbra, uma obra que, «no entanto, já está a descontar do Programa Operacional Regional», constatou. O edil gouveense disse ainda desconhecer os contestatários dos túneis: «O que há é quem defenda estradas alternativas, que sirvam melhor os seus concelhos, como é o caso de Seia», apontou, afirmando que esta solução «importa a toda a Serra».
Para reforçar a necessidade desta obra, o autarca disse ter demorado hora e meia para chegar à Covilhã, perto de 90 quilómetros pela Serra. «Com os túneis qualquer pessoa faria cerca de 40 quilómetros em 25 minutos. É desta revolução que estamos a falar: uma oportunidade histórica de pôr os concelhos em rede», considerou. A construção de 12 quilómetros de túneis para atravessar a Estrela é um dos cenários propostos pelo Estudo de Avaliação Estratégica para a região do Centro Interior, encomendado pela Estradas de Portugal. O documento, que abrange três estradas (IC6, IC7 e IC37) e esteve em consulta pública durante o mês de Janeiro, conclui que os túneis (entre Covilhã, Manteigas e Seia/Gouveia) garantem melhores acessibilidades e maior desenvolvimento. No entanto, devido ao elevado investimento necessário (pelo menos 704 milhões de euros), o estudo valoriza o cenário que sugere a construção de duas estradas a Sul da Serra.
Os autarcas realçaram ainda que os túneis são a hipótese mais amiga do ambiente, evitando a construção de viadutos e terraplanagens nas encostas protegidas do Parque Natural da Serra da Estrela. Esta posição concertada das quatro Câmaras vai ser apresentada, até ao final do mês, ao secretário de Estado Adjunto das Obras Públicas e das Comunicações, Paulo Campos.