Os gregos voltaram ontem às urnas para escolher o seu primeiro-ministro – Alexis Tsipras voltou a ser eleito.
A Nova Democracia, o segundo partido nas sondagens, já assumiu a derrota, o Syriza anuncia que pretende formar governo em três dias – a coligação com os Gregos Independentes é para retomar, de forma a garantir a maioria parlamentar, já que o partido liderado por Tsipras conquistou 145 dos 300 deputados e vai renovar coligação com o ANEL. O fiel parceiro de coligação do Syriza, contrariando as sondagens, elegeu 10 deputados. Na nova legislatura, a dupla Tsipras-Kammenos terá menos sete deputados, mas não terá de lidar com os dissidentes do Syriza, que ficaram fora do hemiciclo.
A Nova Democracia vai continuar como o maior partido da oposição, apesar de ter perdido lugares, enquanto os neonazis da Aurora Dourada cimentaram o seu lugar de terceiro maior partido, subindo de 17 para 18 deputados.
A recuperação mais extraordinária, em comparação às legislativas de janeiro, tem o nome do PASOK. Os socialistas ganharam mais quatro deputados – têm agora 17 – e passaram de sétimo para quarto maior partido. De janeiro para agora, o parlamento ganhou mais uma força política agora são oito, com a entrada da União dos Centristas. Outro dos destaques destas eleições antecipadas vai para a abstenção, que rondou os 44 por cento, um valor recorde nas legislativas gregas.
Aos 41 anos, Alexis Tsipras simboliza a esperança e a vontade de lutar do povo grego. No seu discurso de vitória na Praça Klafthmonos, no centro de Atenas, lembrou aos opositores nacionais e estrangeiros que têm «um mandato claro do povo grego» para lutar pelos seus direitos
Em menos de nove meses Tsipras ganhou três eleições, desafiou a burocracia das instituições europeias e do FMI, e provou aos dissidentes do Syriza que é na sua estratégia política que os gregos confiam para recuperar a autoestima e a economia da Grécia.
Quando ontem à noite subiu ao palco instalado na Praça Klafthmonos, pouco antes das 21 horas de Lisboa, começou por dizer que o «Syriza mostrou ser [um partido] demasiado forte para morrer, apesar de ter sido um alvo para tantos».
Com o seu parceiro de coligação ao lado, o nacionalista Panos Kammenos, que até aqui foi ministro da Defesa, Tsipras lembrou que os tempos são de «dificuldades pela frente», mas que o terreno a pisar é «seguro». O chefe do Governo reeleito disse ainda que se sentiu «vingado» dos que puseram em causa a sua estratégia: «O povo grego deu-nos um mandato claro para continuarmos a lutar dentro e fora do país, e para nos livrarmos de todas as coisas que nos mantém presos ao passado» recente.