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Tsipras, a parte mais difícil é agora

Com o referendo, Alexis Tsipras mostrou que não tem oposição à altura e que tem o país consigo. Os parceiros europeus e os credores perceberam isso. Mesmo os que sonhavam com uma demissão do líder do Syriza e a sua substituição por um governo tecnocrático, perceberam que não têm quaisquer condições para o sugerir ou tentar. Tsipras está muito mais sólido, mas as suas contas estão cada vez mais difíceis.

Essa é a grande contradição de todo este processo. O governo grego recusou um acordo, convocou um referendo para mostrar que o povo estava consigo, venceu a eleição de forma clara, mas regressou hoje a Bruxelas para discutir um novo acordo e, ao que parece, sem propostas concretas, o que deixou os ministros do Eurogrupo entre a fúria e a frustração.

Parece óbvio – aliás, parece, porque neste processo nada é óbvio – que o objetivo de Atenas é fazer um curto-circuito ao Eurogrupo, levando a discussão para apenas dois patamares: um nível político com os líderes europeus e um nível técnico com os credores. Depois fez chegar um pedido oficial de um empréstimo de curto-prazo, o chamado “bridge loan”, para acorrer às necessidades de curto prazo.

Há aqui um certo lirismo, porque parece impossível – e até ilegítimo – retirar o Eurogrupo da negociação. É fácil perceber porque Atenas quer isso. As contas são muito difíceis e há demasiados interesses políticos em cima da mesa. Numa mesa com 18 parceiros, a negociação técnica torna-se muito complicada.

É muito importante que se consiga um acordo a tempo de salvar os bancos gregos para que a economia não colapse totalmente. E que esse acordo abra caminho a um plano de longo prazo, que encare seriamente o peso da dívida grega. Mas isso não se consegue fazer à margem do Eurogrupo.

Por: Ricardo Costa

* Diretor do Expresso

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