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Troca de galhardetes no feriado municipal da Covilhã

Carlos Pinto e José Serra dos Reis (BE) não pouparam nas críticas mútuas

A sessão comemorativa do 138º aniversário da elevação da Covilhã a cidade, realizada na segunda-feira, foi tudo menos pacífica. As críticas e acusações da oposição à actuação do executivo foram muitas, em especial as do representante do Bloco de Esquerda. Carlos Pinto respondeu dizendo que há quem «não tenha mais nada para oferecer do que criticar aquilo que os outros fazem, sem dizer como faria melhor».

José Serra dos Reis falou numa «obsessiva fixação narcísica dos senhores desta cidade, que não olham mais longe do que a zona do respectivo umbigo, o Pelourinho, e a respectiva barriguinha, os seus arrabaldes», ironizou. O deputado do BE criticou ainda um «soberano domínio e desprezo» do executivo sobre o «universo rural do nosso concelho», que «continua a exercer-se de forma ridiculamente feudal sobre as Juntas». Continuando, o deputado municipal denunciou a existência de «chantagens sobre os presidentes de Junta com ameaças de cortes nos já parcos apoios financeiros às freguesias de cor política contrária». O eleito garante também que os direitos da oposição na AM são tratados com «desprezo e desrespeito», alertando para o facto do município sofrer do «mal endémico do capitalismo de bancarrota». Também os «pobres sobreiros assassinados sem dó, nem piedade» não escaparam a Serra dos Reis, que criticou esta «forma de terrorismo ambiental», referindo-se à terceira fase de expansão do Parque Industrial do Tortosendo.

Na resposta, Carlos Pinto não foi meigo, começando por saudar todos os deputados, «com excepção do representante da extrema esquerda, que usa permanentemente um discurso desprezível e fascizante, próprio de quem utiliza a democracia para o insulto». A tirada motivou fortes aplausos na bancada social-democrata. «Sei bem rejeitar e dar o peso às vozes ultra-minoritárias, cujo exercício das prestações pessoais tem mais a ver com o foro psiquiátrico e psicológico do que propriamente com a política», declarou ainda. O edil acusou a oposição de ser sempre «do contra» e «sem apresentar alternativas», relembrando os casos do silo-auto, do Parkurbis, da piscina municipal e da ponte pedonal. Insultos à parte, o autarca deixou uma mensagem de «optimismo» aos covilhanenses, voltando a defender a tese de que a cidade «disputa hoje a liderança das cidades do interior com melhores perspectivas de desenvolvimento», até porque, em seu entender, a Covilhã está «mais próxima da Europa» do que de Lisboa ou do Porto.

PS critica «filosofia aparelhística» instalada no concelho

Vítor Reis Silva (CDU) acusou a Câmara da Covilhã de ser «governada na base do clientelismo e prepotência» e onde «não existe tolerância no relacionamento entre quem decide na cidade e os munícipes», frisando que «é perigoso viver no limite do endividamento». Pelo PS, Telma Madaleno falou na «obrigação de lutar contra a filosofia aparelhística que se instalou no concelho», defendendo que «o futuro não se compadece com as ambições pessoais e desmesuradas, com megalomanias exacerbadas ou com elefantes brancos». Já Luís Fiadeiro, do PSD, realçou que «há uma Covilhã antes e outra após Carlos Pinto» que «tem trabalhado em prol dos cidadãos», enumerando o trabalho desenvolvido pela autarquia em áreas como o parque escolar, acessibilidades, tecnologia, desporto, turismo, entre outras.

Ricardo Cordeiro

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