A queima de sobrantes e resíduos agrícolas que ficaram descontroladas terá estado na origem dos fogos de Vale de Amoreira (Manteigas) e Famalicão da Serra (Guarda) na passada quinta-feira, tendo a GNR identificado duas pessoas por crime de incêndio florestal por negligência. No final da semana, um terceiro indivíduo foi identificado na localidade de Sequeiros (Aguiar da Beira) pelo mesmo motivo.
Aqueles dois incêndios deflagraram na mesma tarde numa zona do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), tendo consumido pinhal bravo, oliveiras, castanheiros e mato. Em Vale de Amoreira viveu-se a situação mais preocupante, já que o sinistro chegou a ter duas frentes ativas numa área florestal e só foi extinto na manhã seguinte, tendo ardido cerca de 350 hectares. No terreno estiveram 96 bombeiros, apoiados por um helicóptero bombardeiro pesado e 33 veículos. O fogo não afetou valores naturais significativos do PNSE, cujo coordenador apelou às populações para terem «cuidados redobrados» com as queimadas dadas as condições meteorológicas adversas para a época. Segundo a GNR, tudo começou quando um homem de 85 anos, residente em Vale de Amoreira, «não conseguiu controlar a queima de sobrantes que estava a realizar». Os factos foram participados ao Tribunal da Guarda, assim como o que aconteceu em Famalicão, onde arderam cerca de 12 hectares de castanheiros, olival e mato, após uma mulher de 69 anos ter também deixado “fugir” uma queimada de resíduos.
O mesmo comportamento negligente voltou a acontecer em Sequeiros, mas aí apenas arderam oito hectares de pinhal e mato, tendo sido identificado um homem de 53 anos e os factos participados ao Tribunal de Trancoso. Entretanto, perante o número anormal de fogos nos últimos dias, o Ministério da Administração Interna anunciou na segunda-feira o reforço dos meios. Entre as medidas adotadas destaca-se a ativação de um segundo helibombardeiro pesado para reforçar o dispositivo aéreo permanente, a partir da base de Santa Comba Dão, onde estão agora quatro helicópteros Kamov para ataque ampliado. Em termos de operacionais, há também um reforço de 86 homens, dos quais 22 pertencem à Força Especial de Bombeiros, que vão ficar mobilizados e em pré-posicionamento, «com elevado grau de prontidão», na Guarda. Os restantes 64 pertencem ao Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro da GNR, cujas 16 equipas estão nos distritos de Aveiro, Bragança, Coimbra, Porto, Vila Real e Viseu. Segundo o MAI, estes meios estarão operacionais «enquanto as condições meteorológicas o exigirem».
Luis Martins