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Três em um

observatório de ornitorrincos

A possibilidade de uma bilha

Pelo que dizem algumas críticas e pensadores de valia, Saramago escreveu no último ano um livro interessante e com um português de boa qualidade. Infelizmente, não foi esse que foi publicado mas sim um sobre a hipótese da morte fazer uma greve. Não é explícito se a paralisação se deve a trabalho mal remunerado, a salários em atraso ou a umas férias em Varadero com três cubanos de dois metros de envergadura. No entanto, a possibilidade de ninguém morrer – um tema também do último livro do Michel Houllebecq, “A Possibilidade de uma Ilha” – causa-me um temor implacável.

Imagine-se um mundo onde os Pólo Norte nunca acabassem, onde os sindicatos nunca mudassem, onde Manoel de Oliveira nunca deixasse de fazer filmes ou onde José Saramago estivesse sempre a ter ideias originais que outros também já tiveram e – pior – a escrever livros sobre isso. Ou um mundo onde Cavaco Silva ou Mário Soares, só para dar dois exemplos, estivessem interessados em voltar à política. Num mundo assim, talvez só a esperança acabasse mesmo por morrer, definhando num canto com a impossibilidade de um continente.

De casamento marcado

D. Duarte de Bragança, futuro monarca de Portugal quando a República das Bananas se transformar no Reino da Macacada, considerou interessante a possibilidade de casar o filho mais velho com a recém-nascida neta do rei de Espanha, futura rainha do país vizinho. Se D. Duarte for suficientemente influente para conseguir desde já combinar o matrimónio entre os dois petizes, espero que o Duque de Bragança possa responder ao apelo que lanço desde estas páginas:

Caríssimo Senhor Sua Alteza Real,

Seria possível interceder junto das vossas graças para que possais compor um casamento entre mim e uma destas duas meninas (Scarlett Johansson ou Keira Knitghley), mesmo que delas não obtenhais consentimento nem dos pais de cada uma aprovação. Eu ligo pouco a pequenas questões de tradição como as referidas.

Os meus melhores agradecimentos,

Os extremos tocam-se

Por razões de arranjo gráfico do número anterior, a direcção do jornal viu-se obrigada a mover esta coluna para a extrema-esquerda de uma página par. Pelo menos por uma semana, esta coluna não pode ser acusado de estar sempre à direita e nunca estar a par de nada. Espera agora a autoria deste espaço não induza o leitor em interpretações do tipo Joaquim Rita (que envolvem sempre “espaços de penetração” e “dispositivos de prevenção”) no sentido de criar expectativas falsas. Apesar da fotografia situada à esquerda, o autor destas linhas continua pouco apreciador de memorabilia de esquerda, tal como artigos de Fernando Rosas, pins e sweat-shirts de Che e cabelos pouco asseados.

Por: Nuno Amaral Jerónimo

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